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Bivar volta a dar justificativas quanto a cortes no feminino do Sport

Com os cortes, o departamento ficou sucateado. O presidente afirma não ter dinheiro

Karoline Albuquerque
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Karoline Albuquerque
Publicado em 17/07/2019 às 21:17
Foto: Chistian Rizzi / Foz Cataratas
Com os cortes, o departamento ficou sucateado. O presidente afirma não ter dinheiro - FOTO: Foto: Chistian Rizzi / Foz Cataratas
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As reclamações quanto ao futebol feminino do Sport ainda são assunto no clube. Nesta quarta-feira (17), o presidente Milton Bivar respondeu, em coletiva de imprensa, mais uma vez, sobre o desabafo da meia-atacante Sofia Sena. A jogadora, no último sábado (13), após sofrer uma goleada por 9x0 do Santos pelo Brasileiro da Série A1, desabafou quanto à falta de prioridade do clube na modalidade.

"O caso da Sofia, eu sei... Se ela imaginar, voltar à estrutura anterior no Sport, ela vai ter que sair para dar lugar a jogadoras que eram profissionais. O que acontecia no Sport, nós tínhamos quase 30, um bom número, atletas profissionais. O Sport chegou a ser vice-campeão da Copa do Brasil", começou dizendo o mandatário.

Milton Bivar erra com a última afirmação, porém. Na década atual, apenas o Vitória, entre times pernambucanos, chegou ao 2º lugar na competição nacional por duas vezes. Milton Bivar cita também um vice-Brasileiro de 2008.

"Na minha época, em 2008, foi vice Brasileiro, em uma disputa contra o Santos, no ano que começou isso. Já que a gente dava apoio, investia. Era Nira (Ricardo, coordenadora de futebol feminino), que até hoje está no Sport", disse. O mandatário rubro-negro, dessa vez, comete um equívoco. Essa prata foi de uma Copa do Brasil. Ele está correto no ano e no adversário. O Campeonato Brasileiro, no formato que existe hoje, começou em 2013.

Ao justificar a reformulação no departamento, com a dispensa de todo o time que defendia o clube até o ano passado, o rubro-negro reforçou que as jogadoras eram todas de fora. "Não tinha uma pernambucana. O que acontecia, o Sport tinha que dar moradia, alimentação diária, preparação diária e salário. Eram assalariadas. Era na faixa de 2 mil, 2,5 mil. Causava um impacto na questão financeira grande. Não dava para manter", rebateu.

Do elenco antigo, apenas duas jogadoras não tinham carteira assinada. O grupo ficava no alojamento do estádio da Ilha do Retiro, treinando no campo auxiliar. A título de comparação, dos 27 atletas do time principal masculino listados no site oficial do clube, apenas três são pernambucanos: o goleiro Lucas Ferreira, o zagueiro Chico e o volante Ronaldo. Se separados por região de nascimento, os nordestinos são de fato boa parte, com 13, metade, mais ou menos, dos jogadores nascidos no local. Os outros 14 estão divididos entre Sudeste (nove), Sul (três) e Centro-Oeste (dois).

"A gente teve que tirar as meninas que eram remuneradas e viviam dentro do clube, hospedadas no hotel, e era full time (o tempo inteiro, em inglês). Uma despesa enorme. Tivemos que fazer. Como fizemos no departamento amador, natação, voleibol, basquete. Fizemos também no administrativo. Tem ideia de quantos funcionários o Sport tinha? Quase 600. Hoje tem quase 300 só. E é muito. Isso faz parte da engenharia financeira administrativa para que possa carregar o clube", continuou.

Milton Bivar voltou a falar também na formação atual do futebol feminino rubro-negro, junto ao Ipojuca. Segundo ele, seu objetivo é revelar jogadoras, ciente de que vai perder jogos, mas oportunizando meninas novas. O presidente admitiu, contudo, que foram "pegos de surpresa".

Ele opinou sobre o que acha ser o grande problema da modalidade no país: não revelar novos talentos. Em sua filosofia, quer que o Sport passe também a ser um celeiro do futebol feminino em dois ou três anos. Apesar dessa vontade, o clube não participa da primeira edição do Campeonato Brasileiro sub-18 de mulheres. Mais uma vez, apenas o Vitória das Tabocas representa Pernambuco.

Ainda em sua longa resposta sobre o futebol feminino, o presidente do Leão se defendeu, afirmando que a realidade do clube não está sendo levada a sério. "Vejo no semblante de até conselheiros do Sport, pessoas amigas. Quebraram o Sport. Os caras estão achando que eu vou fazer mágica. Não tem como. Agora, eu sou um guerreiro e vou até o fim, batalhando, fazendo o melhor para o Sport. Não vou abrir mão uma vírgula de defender meu clube, seja na situação que for. A dificuldade é grande", finalizou.

REPERCUSSÃO

O desabafo da meia-atacante Sofia Sena repercutiu em todo o país e chegou a uma das vozes mais expoentes da modalidade. A técnica Emily Lima, atualmente no Santos e ex-comandante da seleção brasileira, lembrou do discurso da jogadora nos vídeos publicados em sua rede social, na terça-feira (16). Entre muitos questionamentos e reclamações, Emily citou uma ex-jogadora sua que lavava a roupa do time para jogar, o Vitória-BA, que joga a uma hora de Salvador, e o Sport.

"O Sport saiu de Santos depois do jogo e teve que pegar um voo às 22h. Temos a atleta do Sport reclamando também sobre o respeito com o futebol para mulheres. Essa é a realidade. Parabéns a todos os envolvidos que organizam o futebol brasileiro. Estamos falando do campeonato nacional de futebol para mulheres", disse, ironizando a congratulação.

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