O erro admitido nesta sexta-feira (19) pelo IBGE na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) é resultado de uma fórmula que associa poucos recursos humanos e materiais a uma forte pressão por produtividade e cumprimento de prazos. A avaliação foi feita pela diretora executiva do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatísticas (Assibge-SN), Ana Magni, em entrevista concedida ao Estado. “Isso em algum momento implica erros. Errar é humano, mas trabalhar no IBGE hoje é que é desumano. A pressão é muito grande sobre poucas pessoas”, disse Ana.
Leia Também
- Presidente do IBGE pode ser demitida por erros na Pnad
- Goldman: gestão petista fez do IBGE um comitê eleitoral
- Casa Civil pode criar comissão para apurar erro no IBGE
- Impacto da correção do IBGE é limitado, diz estrategista
- IBGE confirma Pnad 2014 antes da Pnad Contínua
- Ex-presidente do IBGE descarta ingerência em correção
- Erro foi um 'infeliz acidente', diz IBGE sobre a Pnad
- No Rio de Janeiro, Dilma evita comentar erros da Pnad
- Aécio diz que PT acaba com a credibilidade do IBGE
- IBGE: a Pnad 2013 contém erros extremamente graves
Desde o início do ano, o corpo técnico do instituto vem reagindo a mudanças em pesquisas e cortes orçamentários. O anúncio da suspensão da divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), em abril, detonou uma crise que levou a uma greve de 79 dias. A paralisação afetou os trabalhos no IBGE e atrasou a coleta de dados em vários Estados.
“Fizemos isso para alertar o governo que era preciso dar tratamento diferenciado a essa instituição, mas logo que saímos da greve houve novo corte que reduziu para menos de um terço o orçamento das pesquisas inicialmente previsto. Isso impacta fortemente o plano de trabalho no IBGE”, disse Ana. A análise do sindicato é oposta à do diretor de Pesquisa do IBGE, Roberto Olinto. Na entrevista coletiva realizada na sede do instituto, ele descartou um impacto da greve dos servidores do IBGE na pesquisa.
No início deste ano, o governo já havia reduzido de R$ 214 milhões para R$ 193 milhões as verbas do IBGE para pesquisas. Recentemente o Ministério do Planejamento decidiu que o orçamento do instituto para 2015, fixado em R$ 766 milhões, será de apenas R$ 204 milhões. O corte resultará em adiamentos do Censo Agropecuário e da Contagem da População, que custariam R$ 562 milhões e seriam realizados nos dois próximos anos.
A diretora do sindicato dos trabalhadores do IBGE não acredita em manipulação de dados, o que considera uma “associação imediatista”. Ela lembra que a revisão dos dados favoreceu o governo em alguns pontos, como nos números sobre distribuição de renda, mas foi desfavorável em outros.