A Justiça revogou na manhã desta terça-feira (13) a prisão da estudante Mirian França, 31, suspeita de envolvimento no assassinato da turista italiana Gaia Molinari, 29, em Jericoacoara, no litoral do Ceará, e determinou que ela não poderá deixar o Estado nos próximos 30 dias.
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Estudante de doutorado no Instituto de Microbiologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Mirian viajava com a italiana e foi presa temporariamente no dia 29 de dezembro por contradições em seus depoimentos, segundo a delegada Patrícia Bezerra.
Em sua decisão, o juiz José Arnaldo dos Santos Soares, da comarca de Jijoca de Jericoacoara, afirmou que a prisão temporária não era mais necessária porque "não havia notícia" de que Mirian criara "qualquer embaraço ao procedimento policial".
Na semana passada, a Defensoria Pública havia pedido a revogação da prisão da estudante, alegando que a medida era injustificável porque Mirian sempre contribuiu com a polícia.
Segundo a Polícia Civil, a estudante estava cumprindo os trâmites necessários para deixar a prisão, no início da tarde desta terça.
O juiz defendeu ainda a prisão da suspeita no fim de dezembro, afirmando que ela era "imprescindível para as investigações em andamento" e disse que o pedido de prisão fora baseado em análise técnica e não estava ligado "ao perfil da investigada, sua classe social, cor, raça, credo etc."
No começo deste mês, Valdicéia França, 63, mãe da estudante, disse à Folha de S.Paulo que a filha era vítima de racismo. "Os policiais viram uma neguinha, pobre, turista e ficou fácil colocar a culpa nela", disse.
TRASLADO DO CORPO
Gaia Molinari foi encontrada morta no dia 25 de dezembro, em Jericoacoara, após ter sido estrangulada. Seu corpo foi enviado para a Itália na manhã desta terça-feira (13).
De acordo com Roberto Misici, cônsul honorário da Itália, o caixão saiu de Fortaleza às 7h30 e deve chegar em Milão às 20h, no horário local. De lá, segundo ele, o corpo será levado para Piacenza, cidade natal da turista.
Misici afirmou que o translado só aconteceu 18 dias após a morte de Gaia por causa das investigações e da demora em providenciar alguns documentos.