Seca

Chuva não impede queda do nível do Cantareira; Alto Tietê se recupera

Nível do reservatório baixou 0,1 ponto percentual e opera com apenas 5,4% de sua capacidade

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Publicado em 22/01/2015 às 13:27
Luiz Augusto Daidone/ Prefeitura de Vargem
Nível do reservatório baixou 0,1 ponto percentual e opera com apenas 5,4% de sua capacidade - FOTO: Luiz Augusto Daidone/ Prefeitura de Vargem
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A forte chuva que atingiu a região metropolitana na final da tarde desta quarta-feira (21) e durante a madrugada desta quinta-feira (22), não foi suficiente para frear o ritmo de queda do sistema Cantareira. De acordo com o boletim divulgado pela Sabesp, o nível do reservatório baixou 0,1 ponto percentual em relação ao índice do dia anterior e opera com 5,4% de sua capacidade. É a décima primeira queda consecutiva registrada pelo sistema, que abastece 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo.

A série de queda começou no dia 11 de janeiro, quando o sistema operava com 6,6% de sua capacidade, que já inclui a segunda cota do volume morto (água do fundo do reservatório que não era contabilizada). O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), já considera utilizar a terceira cota do volume morto do Cantareira.

Com a chuva desta quarta (22), o sistema acumula 64,3 mm de água em janeiro, o que corresponde a 23,72% da média histórica para o mês (271,1 mm). O calor deste janeiro em São Paulo já está superando o do mesmo mês de 2014, o mais quente registrado na série histórica de 72 anos do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

O sistema Cantareira registra ainda menos chuva nesse início de 2015. A primeira metade de janeiro trouxe cenário ainda mais pessimista do que era projetado por especialistas e governo: a quantidade de chuva nas represas e a vazão dos rios que poderiam socorrê-lo ficaram muito abaixo da média histórica, enquanto as temperaturas estão elevadas, um incentivo para maior consumo.

A principal aposta da Sabesp para reduzir o consumo de água na Grande São Paulo foi reduzir a pressão na rede. Contudo, essa medida aumenta a possibilidade de contaminação, caso seja feita de maneira equivocada, segundo especialistas.

Volume do Alto Tietê sobe

Já o reservatório Alto Tietê, que também sofre as consequências da seca, interrompeu o ritmo de queda iniciado no dia 13 de janeiro, quando o manancial registrou 11,3%. Nesta quinta, o Alto Tietê opera com 10,1% de sua capacidade após subir 0,1 ponto percentual em relação ao dia anterior.

O manancial acumulou 9,2 mm de água com a chuva desta quarta. Até agora, o sistema já acumula 41,7 mm –o que equivale a 16,6% da média histórica para janeiro (251,5 mm).

O sistema abastece 4,5 milhões de pessoas na região leste da capital paulista e Grande São Paulo. No dia 14 de dezembro, o Alto Tietê passou a contar com a adição do volume morto , que gerou um volume adicional de 39,5 milhões de metros cúbicos de água da represa Ponte Nova, em Salesópolis (a 97 km de São Paulo).

Demais sistemas

A chuva também não beneficiou a represa de Guarapiranga, que fornece água para 4,9 milhões de pessoas nas zonas sul e sudeste da capital paulista. O sistema opera com 38,1% de sua capacidade após o nível baixar 0,1 ponto percentual em relação ao índice anterior. Com a chuva desta quarta, o manancial acumula 148,2 mm de água --65% da média histórica para janeiro (229,3 mm).

O nível do reservatório Alto de Cotia, que fornece água para 400 mil pessoas, baixou 0,3 ponto percentual e opera nesta quinta com 27,9% de sua capacidade.

O nível dos sistemas Rio Claro e Rio Grande subiu em relação ao dia anterior: 2,9 e 0,5 ponto percentual, respectivamente. O reservatório de Rio Claro, que atende a 1,5 milhão de pessoas, opera com 24,9% de sua capacidade. Já o manancial de Rio Grande, que atende a 1,2 milhão de pessoas, opera com 69,1% de sua capacidade. A medição da Sabesp é feita diariamente e compreende um período de 24 horas: das 7h às 7h.

Represa Billings será usada

Diante da crise hídrica, Alckmin afirmou que usará a represa Billings para socorrer outros reservatórios que estão com níveis baixos de água em São Paulo. A ideia esbarra na alta poluição da represa e na dificuldade de distribuição da água. Alckmin não deu detalhes sobre o plano.

Embora tenha capacidade de armazenamento semelhante à do sistema Cantareira, a represa às margens da zona sul e do ABC paulista foi relegada a segundo plano para abastecimento humano nas últimas décadas por ser muito poluída em diversos trechos por dejetos industriais e esgoto residencial.

Segundo Alckmin, "a Billings está com mais de 50% de reservação" --volume equivalente a mais do dobro da água disponível em todas as demais represas que atendem a Grande São Paulo. O tucano disse que a intenção é captar água da Billings para os sistemas Guarapiranga e Alto Tietê, que esvaziaram em ritmo acelerado nos últimos meses não só devido à seca como por serem usados no socorro ao Cantareira.

O novo presidente da Sabesp, Jerson Kelman, já havia cogitado a hipótese, mas ressalvando que a medida esbarra tanto na qualidade da água (que requer alto custo para despoluição ou tratamento) como na "engenharia complexa" para remanejá-la. A avaliação é reforçada por técnicos ouvidos pela reportagem. Alckmin e a Sabesp não deram detalhes --incluindo prazos e custos-- de como a proposta sairia do papel.

A estatal informou que "há muitos anos a tecnologia permite a transformação de água poluída em água potável através de tratamento". Ela afirma que é isso que permite algum uso da Billings atualmente, embora muito restrito.

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