Para evitar os "rolezinhos", a Justiça de Franca (a 400 km de São Paulo) proibiu a entrada de crianças e jovens até os 18 anos desacompanhados dos pais ou responsáveis todas as sextas-feiras no único shopping da cidade.
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A decisão liminar, da 4ª Vara Cível, atende a uma ação movida pelo próprio empreendimento. Na sentença, a juíza Julieta Maria Passeri de Souza afirma que os jovens "não estão à altura" de frequentar o empreendimento.
O shopping alega que é alvo constante de invasões que causam "tumultos, correrias e algazarras" que colocam em risco a integridade física de lojistas e clientes.
De acordo com o Conselho Tutelar, em todo o ano passado foram convocados os responsáveis de 20 adolescentes identificados de participarem dos "rolezinhos" no shopping, por meio de monitoramento em eventos criados em redes sociais. Os adolescentes foram advertidos e aconselhados a não promover e participar dos encontros.
Na decisão, a juíza afirmou que a insegurança é geral e o "rolezinho" dificulta o passeio dos outros clientes, além de prejudicar a atividade comercial. Ela também escreveu que a oferta de lazer é precária no município.
"Não nos apresenta teatros, boas salas de cinema. Não há sequer uma única livraria na cidade. Assim, praticamente as pessoas buscam o shopping para a satisfação da necessidade de lazer", afirmou, na decisão.
Segundo a magistrada, "se [os jovens] não sabem se comportar em sociedade, se desconhecem as mínimas regras de convivência, não estão à altura de frequentar o único shopping center da cidade, e praticamente a única fonte de lazer do francano".
Em caso de descumprimento da decisão e de manifestações dentro do shopping, os jovens identificados deverão ser multados em R$ 5.000 por dia.
Não é a primeira decisão contra os "rolezinhos" em shoppings. Já houve proibições da Justiça em São Paulo e Campo Grande.
"DECISÃO INFELIZ"
Para o professor Sérgio Kodato, coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), a decisão da juíza é "infeliz" e reflete uma visão conservadora do município.
Para ele, o "rolezinho" é uma manifestação cultural e é preciso que as autoridades se modernizem para compreender os anseios dos jovens, principalmente os da periferia.
"A proibição não resolve o problema e pode levar a um confronto maior, estimulando até novos movimentos", afirmou.