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'Exceções à neutralidade não podem virar regra', diz deputado sobre Marco Civil

Pelo princípio da neutralidade da rede, não é permitido o bloqueio de conteúdo ou que companhias de internet e de mídia não tenham o direito de usar bandas de conexão mais rápidas

Da Folhapress
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Publicado em 06/02/2015 às 18:13
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Pelo princípio da neutralidade da rede, não é permitido o bloqueio de conteúdo ou que companhias de internet e de mídia não tenham o direito de usar bandas de conexão mais rápidas - FOTO: Foto: USP Imagens
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As exceções da neutralidade da rede, que serão debatidas na regulamentação do Marco Civil da Internet, devem ser tratadas como raridade, de acordo com Alessandro Molon, deputado federal (PT-RJ) e relator da lei de 2014.

Pelo princípio da neutralidade da rede, não é permitido o bloqueio de conteúdo ou que companhias de internet e de mídia não tenham o direito de usar bandas de conexão mais rápidas, pagando por isso, em detrimento de outros consumidores ou competidores.

"Não dá para incluir oito, dez exceções no documento. Se isso acontecer, a exceção vira regra", disse o deputado durante um fórum sobre o projeto realizado na Campus Party 2015. "A regra tem que ser a neutralidade, que já foi definida pelo texto aprovado", defendeu.

A regulamentação por decreto presidencial do Marco Civil entrou em consulta pública no dia 28 de janeiro. O processo discutirá conteúdos já inclusos no texto da lei, mas que foram tratados de maneira genérica. Além das exceções à neutralidade, devem ser debatidos temas como a guarda de registros de conexão pelas operadoras e a privacidade na rede.

"A gente já quis prever, no próprio texto do Marco, exceções à neutralidade que viriam neste decreto", explicou o deputado. O documento, disponível na internet, permite a discriminação do tráfego de dados na priorização de serviços de emergência e em questões técnicas que visam melhorar a experiência do usuário na rede.

Sobre a guarda de informações privadas, Molon disse que a regulamentação procurará restringir ao máximo os tipos de empresas que terão esse poder.

"O desafio é limitá-lo apenas às empresas que forem indispensáveis do ponto de vista da segurança pública", afirmou o relator.

"Faz sentido, por exemplo, exigir que uma farmácia guarde os dados de seus clientes? Me parece que não", comentou.

REGULAMENTAÇÃO PARTICIPATIVA

Para o deputado, submeter um decreto presidencial à consulta pública é um grande avanço democrático para o país.

"O Marco Civil não é importante apenas pelo seu conteúdo, mas também pelo que ele representa do ponto de vista da democracia", disse Molon.

A "lei da internet" brasileira foi submetida à consulta pública durante todo o seu processo de construção e, de acordo com o deputado do PT, chegou a ser alterado três vezes por sugestões da população antes de ser aprovado na câmara.

A consulta pública da regulamentação do Marco Civil está aberta até o dia 28 de fevereiro (prazo sujeito à prorrogação). É possível participar on-line por meio do portal do Ministério da Justiça.

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