Conflito

Dilma convoca chanceler brasileiro para esclarecimentos sobre Venezuela

Avisados sobre o impedimento da comitiva de senadores brasileiros de entrar na Venezuela, deputados da oposição tentam encerrar os trabalhos do plenário da Câmara na tarde desta quinta-feira em protesto ao governo da Venezuela

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Publicado em 18/06/2015 às 20:37
Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado
Avisados sobre o impedimento da comitiva de senadores brasileiros de entrar na Venezuela, deputados da oposição tentam encerrar os trabalhos do plenário da Câmara na tarde desta quinta-feira em protesto ao governo da Venezuela - FOTO: Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado
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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), informou na tarde desta quinta-feira (18) que a presidente Dilma Rousseff convocou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para uma reunião imediata no Palácio do Planalto para tratar da situação dos senadores de oposição que estão na Venezuela.

Avisados sobre o impedimento da comitiva de senadores brasileiros de entrar na Venezuela, deputados da oposição tentam encerrar os trabalhos do plenário da Câmara na tarde desta quinta-feira em protesto ao governo da Venezuela. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), precisou entrar em contato com o chanceler Mauro Vieira, por telefone, durante a sessão e rejeitou suspender as votações.

Segundo informações de deputados do PSDB e do DEM, os senadores estão parados na saída do aeroporto de Caracas por causa de um bloqueio policial em uma estrada próxima.

O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) publicou em sua conta no Twitter que a van que levava os parlamentares chegou a ser apedrejada. Ele afirma ainda que os senadores voltaram ao aeroporto, mas o terminal de embarque está fechado. "Estamos ilhados", escreveu.

"Os senadores brasileiros viveram uma verdadeira arapuca porque receberam a informação do governo venezuelano de que poderiam desembarcar no aeroporto de Caracas mas ficaram impedidos de sair de lá", afirmou o deputado Mendonça Filho (DEM-PE) na tribuna da Câmara.

"Pedimos a suspensão da sessão para que o Parlamento brasileiro receba uma resposta oficial", pediu o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT).

Durante a discussão, Cunha telefonou para o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para pedir esclarecimentos oficiais. Ele precisou suspender a sessão por cinco minutos para poder conversar com o ministro.

Após a conversa, ele relatou aos deputados ter ouvido do chanceler que os senadores foram recebidos por uma escolta policial mas não conseguiram prosseguir até Caracas porque havia um engarrafamento. Neste local, manifestantes apedrejaram a van, que teve que retornar ao aeroporto.

COBRANÇA

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que iria telefonar para a presidente Dilma Rousseff cobrando uma reação do governo ao que chamou de "agressões" sofridas pelos senadores brasileiros que estão em Caracas.

"Vou telefonar à presidente e cobrar uma reação altiva do governo brasileiro contra os fatos narrados pelos senadores. Qualquer agressão à nossa delegação é uma agressão ao Legislativo", afirmou.

Renan também cobrou providências do chanceler Mauro Vieira, com quem conversou por telefone, e disse que os gestos de "intolerância" não podem ser aceitos pelo Congresso brasileiro.

"O presidente do Congresso Nacional repudia e abomina os acontecimentos narrados e vai cobrar reação altiva do governo brasileiro quanto aos gestos de intolerância. As democracias verdadeiras não admitem conviver com manifestações incivilizadas e medievais. Eles precisam ser combatidos energicamente para que não se reproduzam", disse Renan.

Na conversa, Vieira disse que a confusão ocorreu porque havia a transferência de um preso venezuelano no local onde estavam os senadores, mas Renan disse que o argumento não é suficiente para justificar a agressão aos brasileiros.

"O ministro disse que há informações de que estava havendo a transferência de um preso político, mas nada disso importa muito. O que importa muito é o clima de tensão, intimidação, ofensa, de agressão."

O presidente do Senado conversou por telefone com os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), que integram a delegação de oito congressistas que integram a missão a Caracas.

Segundo relatos dos senadores a Renan, o ônibus da delegação brasileira foi cercado por manifestantes, que jogaram pedras e hostilizaram, intimidaram e ofenderam os congressistas.

CAUTELA

Líder do governo, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) pediu cautela a Renan ao afirmar que as informações sobre a situação dos senadores na Venezuela ainda são "desencontradas".

"Se ocorrido, evidentemente representa um incidente que nada ajuda nas relações que o Brasil têm com a Venezuela. Qualquer outro tipo de atitude, a não ser manifestação de Vossa Excelência, sem tomar conhecimento claro do que aconteceu, estamos nos precipitando."

Aliado do governo federal, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) cobrou dos senadores "isenção" no diálogo com a Venezuela para não "acirrar os ânimos" no país vizinho. "Me solidarizo com os senadores brasileiros que estão lá, mas é papel dos parlamentares ter postura mais equilibrada para vencer essa crise", criticou.

Diversos senadores ocuparam a tribuna da Casa esta tarde para protestar contra os ataques à comitiva brasileira.

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