Agentes da Força Nacional começam a atuar no Ceará neste sábado (5) após pedido do governador do Estado, Camilo Santana (PT), ao ministro Sérgio Moro, da pasta de Justiça e Segurança Pública. O Ceará registrou nos últimos dias uma onda de ataques a prédios, bancos e ônibus no interior e na capital.
Moro autorizou nesta sexta-feira, 4, o envio de 300 agentes da Força Nacional ao Estado. No dia anterior, ele havia negado o deslocamento imediato dos agentes. Além da tropa, que vai ficar 30 dias no Ceará, serão enviadas 30 viaturas.
Já o governo estadual empossou nesta sexta 373 novos policiais militares, que vão reforçar o patrulhamento nas ruas e 34 policiais rodoviários federais, nas BRs. Outro reforço veio do governo baiano, que mandou 100 PMs.
Ataques
Nesta sexta-feira, os alvos dos ataques se espalharam da Grande Fortaleza para o interior. Houve ataques a prédios públicos, como a prefeitura de Maracanaú, na região metropolitana, agências bancárias e a tentativa de explosão de um viaduto. Mais de 40 veículos - carros, ônibus, caminhões e até trator - foram queimados. Os bandidos têm usado galões de combustível e coquetéis molotov para cometer os crimes.
Em Fortaleza, o comércio de rua fechou nesta sexta até duas horas mais cedo. Dois dos terminais mais movimentados da capital também não funcionaram à tarde.
A partir deste sábado, para garantir a circulação, os ônibus deverão ser escoltados por policiais militares dentro dos veículos. Os PMs acompanharão 33 linhas em Fortaleza e quatro na região metropolitana, segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará.
Na capital, três agentes fardados deverão ficar no interior de cada coletivo. Já em Maracanaú e Caucaia, na região metropolitana, três policiais acompanharão os ônibus em motocicletas. Haverá ainda agentes à paisana dentro dos coletivos.
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Pernambuco
Após o Ceará viver uma série de ataques articulados por facções na madrugada desta sexta-feira (04), o secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico, afastou a possibilidade de uma situação semelhantes acontecer em Pernambuco. "Aqui não vai acontecer nada. Aqui nós temos um ambiente de fiscalização permanente dessas organizações. As facções aqui não estão empoderadas", cravou em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta sexta (04).
Ainda segundo o secretário, o governo mantém o diálogo com todos os presos, visitando os presídios do Estado. "Eu converso com todos os presos, vou aos presídios. Não converso com facções, não vou conversar e não sei nem quem é. A gente dá um tratamento de dignidade para a situação do preso", completou Eurico.
Ao longo da entrevista, Pedro Eurico ainda lançou críticas ao secretário de Administração Penitenciária (SAP) do Ceará, o policial civil Luís Mauro Albuquerque, que segundo o pernambucano, quando Mauro comandava a pasta no Rio Grande do Norte, a situação também chegou a chamar a atenção das autoridades. "Mas o senhor secretário (Mauro) foi também do Rio Grande do Norte e tem vídeo dele jogando bombas de efeito moral dentro de uma cadeia. Esse tipo de bravata não resolve o problema no sistema prisional", criticou.
Facções criminosas
Segundo o governo cearense, as investigações apontam que as ordens dos ataques partiram das facções Comando Vermelho e da Guardiões do Estado, que estavam em conflito até a semana passada, mas tentam pressionar o Estado. Os crimes aconteceram um dia após o secretário da recém-criada pasta de Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque, ter dito que não reconhecia facções e que não iria mais separar presos de acordo com a ligação com esses grupos.