TRAGÉDIA

Sirenes em Brumadinho estão intactas, ao contrário do que disse a Vale, afirma jornal

Pelo menos duas sirenes em áreas próximas das devastadas pela lama estão sem danificação e chegaram a tocar dois dias depois do desastre

JC Online
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Publicado em 06/02/2019 às 15:36
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Pelo menos duas sirenes em áreas próximas das devastadas pela lama estão sem danificação e chegaram a tocar dois dias depois do desastre - FOTO: Foto: AFP
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Duas sirenes localizadas no Parque da Cachoeira, bairro rural de Brumadinho (MG), estão intactas. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (6) pelo jornal Folha de S. Paulo. O fato contraria o discurso inicial da Vale, que era o de que as sirenes que poderiam avisar a população sobre o rompimento da barragem foram engolfadas pela lama antes que pudessem soar.

Segundo o jornal, as sirenes chegaram a tocar dois dias depois da tragédia. O local onde as sirenes estão é próximo de onde foram encontrados pelo menos dez corpos, possivelmente vindos da mineradora. Um morador afirmou que no domingo (27 de janeiro), o equipamento emitiu um som contínuo, depois uma gravação pedindo para as pessoas se abrigarem.

Fábio Schvartzmanm, presidente da Vale, disse à imprensa que ocorreu um fato “não muito usual” na ocasião do desastre. “Houve um rompimento muito rápido da barragem. E o problema da sirene é que a sirene que ia tocar foi engolfada pela queda da barragem antes que pudesse tocar", afirmou.

Posteriormente, a Vale mudou a versão, por meio de nota. No documento, a empresa afirma que “devida à velocidade com que ocorreu o evento, não foi possível acionar as sirenes relativas à Barragem 1”. O sistema de alarmes seria controlado de forma manual, no Centro de Controle de Emergências e Comunicação, setor da empresa que funcionaria 24 horas por dia.

Contudo, o responsável pelo Centro, Maurício Lemes, morreu na tragédia. Um dos encarregados de avisá-lo era Alano Teixeira, responsável pelo plano de emergência da barragem. Teixeira também foi uma vítima fatal do rompimento.

Plano de emergência

O plano dizia que o encarregado deveria avisar o Centro em caso de acidente. O setor, então, deveria acionar as seis sirenes nas comunidades do entorno. A população, então, deveria seguir para rotas e pontos de encontro informados de forma prévia. A Vale chegou a fazer uma simulação com a comunidade em agosto de 2018. No entanto, moradores afirmam desconhecer quais locais seguros para seguir em caso de rompimento.

Segundo o engenheiro Moacyr Duarte, entrevistado pelo jornal, o plano de emergência da Vale não levou em consideração o caso de “ruptura catastrófica”, que foi o que ocorreu no dia 25 de janeiro. A empresa foi questionada novamente sobre as falhas nas sirenes, mas a empresa só declarou que “ainda está apurando as causas que impediram o apropriado acionamento do sistema”. A mineradora também não teria respondido se havia um plano B.

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