INVESTIGAÇÃO

Veja o que se sabe até agora sobre as manchas de petróleo nas praias do Nordeste

O petróleo cru afetou 138 localidades em 62 cidades nordestinas

JC Online e agências
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Publicado em 08/10/2019 às 21:48
Foto: Adema/Governo de Sergipe
O petróleo cru afetou 138 localidades em 62 cidades nordestinas - FOTO: Foto: Adema/Governo de Sergipe
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Manchas de óleo atingiram 62 cidades nos nove estados nordestinos desde o início de setembro. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o material é petróleo cru. A origem da substância, que não é nacional, está sendo investigada.

Leia tudo o que se sabe sobre o problema:

Quando as manchas apareceram?

O petróleo tem chegado às praias do Nordeste em diferentes intensidades desde o dia 2 de setembro. 

Quantos localidades foram atingidas?

De acordo com o balanço divulgado pelo Ibama nesta terça-feira (8), foram atingidas 138 localidades em 62 cidades de Pernambuco, Bahia, Maranhão, Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas, Paraíba, Sergipe e Piauí.

Praias atingidas em Pernambuco

São José da Coroa Grande
Conceição - Paulista
Janga - Paulista
Maria Farinha - Paulista
Pontas de Pedras - Goiana
Catuama - Goiana
Tamandaré
Praia do Paiva - Cabo de Santo Agostinho
Candeias - Jaboatão dos Guararapes
Boa Viagem - Recife
Carneiros - Tamandaré
Del Chifre - Olinda
Gamboa - Ipojuca
Praia de Nossa Senhora do Ó
Porto de Galinhas - Ipojuca
Ilha Cocaia - Cabo de Santo Agostinho
Piedade - Jaboatão dos Guararapes
Pau Amarelo - Paulista
Praia do Forte Orange - Itamaracá

Ibama

Incidente que mancha o litoral nordestino pode causar prejuízos não só ao ecossistema, mas ao turismo dessa região que sobrevive dos destinos de sol e mar.

Fauna afetada

Até essa segunda-feira (7), o Ibama contabilizava 16 animais afetados pelo óleo, sendo 15 tartarugas marinhas e uma ave.

Das tartarugas, duas foram encontradas mortas na Praia do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho.

Quem está investigando?

Nesta terça-feira (8), a Marinha do Brasil informou que a análise de todo o material coletado pela corporação está sendo realizada pelo setor de Geoquímica Ambiental do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, localizado no Rio de Janeiro, que apresentou resultados indicando perfis químicos compatíveis com petróleo cru. 

Praia Coroa do meio em Aracaju
Foto: Marcos Rodrigues/Secom

 

A Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar a origem da substância. As investigações estão concentradas na Superintendência Regional da PF no Rio Grande do Norte

A Diretoria de Portos e Costas conduz um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN). Nesse processo, são analisados os dados do tráfego marítimo na área, as informações de patrulha de navios e aeronaves da MB, simulações computacionais sobre as influências de corrente no Atlântico Sul e análise dos perfis químicos dos resíduos coletados.

Todas as medidas, segundo a Marinha, estão sendo adotadas em coordenação com o Ibama, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Polícia Federal, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Petrobras, Força Aérea Brasileira, assim como, com diversas entidades governamentais e privadas dos estados e municípios afetados.

Ações da Marinha

A Marinha do Brasil informou que desde o início do aparecimento das manchas foram realizadas as seguintes ações:

• inspeções ao longo do litoral da região Nordeste;

• divulgação de Aviso aos Navegantes, solicitando a informação tempestiva da identificação de poluição hídrica por navios em trânsito nas Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), visando à obtenção de dados para análise das possíveis origens da poluição por óleo cru no Nordeste;

• realização de Patrulha Naval por navios da Marinha do Brasil, com ênfase nas áreas Marítimas de ocorrência de poluição mais recentes, nos litorais de Sergipe e norte da
Bahia; 

• continuidade das análises das informações do tráfego mercante na região, com o monitoramento dos navios que passaram pelas Águas Jurisdicionais Brasileiras.

Participam das ações 1583 militares, cinco navios, uma aeronave, além de embarcações e viaturas pertencentes às diversas Capitanias dos Portos, Delegacias e Agências, sediadas ao longo do litoral nordestino.

Petróleo não tem origem nacional

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, garantiu, nesta terça-feira (8) que o óleo que vazou e atingiu diversas praias do Nordeste não tem origem nacional. "Não é petróleo brasileiro", disse, após participar de audiência pública na Câmara dos Deputados.

"A função da Petrobras não é investigar de onde vem o óleo. Nossa preocupação foi se era um óleo produzido ou eventualmente comercializado pela Petrobras. Nós temos isso bem documentado, coletamos 23 amostras, nosso centro de pesquisas realizou análises bioquímicas e chegou à conclusão de que não se trata de nenhum óleo produzido e/ou comercializado pela Petrobras", afirmou.

Venezuela

O presidente da Petrobras não quis comentar o teor de um parecer enviado pela Petrobras ao Ibama, que indica compatibilidade entre o óleo que vazou no litoral brasileiro com o produto produzido por países africanos e pela Venezuela. "Esse relatório é reservado, confidencial, da Petrobras para o Ibama. Não tenho autorização para divulgar, é uma comunicação a uma instituição de Estado, então, cabe ao Ibama e a outras autoridades divulgar informações", disse.

Possíveis razões para o vazamento

Sobre as razões do vazamento, Castello Branco disse haver várias possibilidades. "Como leigo, pode ter sido naufrágio de um petroleiro, transbordo de petróleo de um navio para outro que tenha falhado, mas eu sinceramente não consigo imaginar", afirmou. "Hipoteticamente, poderia ser um naufrágio de navio, que não vai transbordar petróleo imediatamente, e existe possibilidade de esse material ser liberado gradualmente."

O presidente Jair Bolsonaro disse, nessa segunda-feira (7), que o problema pode ter sido causado por um vazamento em um navio cuja origem ele ainda não podia apontar. Nesta terça-feira (8), Bolsonaro disse que o óleo pode ter sido despejado “criminosamente" em águas territoriais brasileiras.

“É um volume que não está sendo constante. Se fosse de um navio que tivesse afundado ainda estaria saindo óleo. Parece que, criminosamente, algo foi despejado lá”, disse o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada, após reunião com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que comentou o volume de material já recolhido pela Petrobras. “Nosso papel é agir rápido para retirar aquilo que está em solo”.

O que fazer ao encontrar o óleo?

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) do Rio Grande do Norte emitiu nota em que pede para população evitar contato com o petróleo e, se houver, "tentar retirar primeiro com gelo ou com óleos de cozinha, devendo, logo após, lavar a pele com água e sabonete neutro". A medida é vista como "preventiva" pelo instituto já que o piche provoca irritações e alergia no corpo.

O petróleo cru é rico em benzeno, xileno e tolueno, causando náusea, visão turva, euforia e vertigem quando em contato com mãos, olhos e boca. Além disso, as neurotoxinas do óleo podem afetar o funcionamento cerebral a longo prazo.

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1. Não entre em contato com o petróleo. Perigo de alta toxidade! Não tente limpar com sabão, areia, ou qualquer produto químico. Essas substâncias podem disseminar a contaminação do petróleo no ambiente e no animal;

2. Não devolva o animal ao mar. Animais encalhados precisam de avaliação clínica especializada. Caso devolvido sem cuidados adequados, o animal poderá encalhar novamente;

3. Isole a área, evite barulho, conversas, e movimentos que possam estressar o animal. Não alimente e nem force a ingestão de líquidos;

4. Proteja o animal do sol (com guarda-sol, panos limpos) e aguarde a chegada da equipe de resgate.

Fonte: PCCB-UERN (Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte).

Telefones úteis em Pernambuco

Em Pernambuco, caso você encontre animais com manchas de petróleo, ligue para a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), através do telefone (81) 3181-8817 ou para a Capitania dos Portos de Pernambuco, pelo telefone (81) 3334-5203.

Localidades afetadas

Para saber quais foram as localidades afetadas no Nordeste para clicar aqui.

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