O entregador de águas Frederick Santana dos Santos, de 30 anos, estava trabalhando quando o Edifício Andréa desabou na manhã dessa terça-feira, 15. O corpo ficou preso nos escombros das 10h28min, quando o condomínio residencial desmoronou, até as 23h30min. Ele foi a primeira vítima a ter o óbito confirmado pelas autoridades.
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Chamado de Fred pelos amigos, o homem não estava no prédio. Ele trabalhava no mercadinho ao lado com outros dois colegas: Antônio, motorista do caminhão, e Rafael, que assim como ele tinha cargo de ajudante. Mas diferentemente dos parceiros de trabalho, Fred não conseguiu sobreviver. Ao ser resgatado, Antônio repetia: "Meu colegá tá lá embaixo".
"Foi um efeito colateral do desabamento, que acabou atingindo o mercadinho. Foi a primeira vítima confirmada", disse ao O POVO o coronel dos Bombeiros Eduardo Holanda, comandante da força-tarefa de resgate das vítimas.
Fred era pai, casado e responsável pelo sustento da família, conforme amigos ouvidos pela reportagem. Era morador de Barreiro, comunidade limítrofe entre os bairros Cidade 2000 e Manoel Dias Branco. A equipe de Fred entregava água de uma a três vezes por semana nos estabelecimentos do bairro Dionísio Torres. As quatro pessoas ouvidas pela reportagem pediram para não serem identificadas.
O primeiro aniversário da filha
"Eu conheço ele, lembro da gente pequeno. Era uma ótima pessoa", conta, ao telefone, um amigo da família. "Era trabalhador, tinha um jeitão dele, mais fechado, mas tratava todo mundo bem. Era respeitador, não tinha desavença com ninguém".
"Ele contava que tava juntando dinheiro para fazer o aniversário da filha de 7 anos, que nunca tinha comprado um bolinho pra filho assim. Ele tava falando isso nas últimas semanas", relatou o amigo. "Ele também falava que perdeu um filho. A criança nasceu com uma condição que eu não lembro e veio a falecer".
"Negão"
Frederick Santana era também conhecido como "Negão". Pelo menos é o que informa o proprietário de um depósito atendido desde setembro passado pela equipe de Fred. Lá, Fred deixava de 80 a 100 garrafões de água por semana. "Era uma pessoa tranquila, calma, prestativa. Sempre sorridente, que zelava pela empresa que trabalhava", comenta o dono do mercadinho.
"Só conhecia do dia a dia da gente, quando aparecia por aqui. Mas temos até foto com ele. Cheguei a postar a imagem agradecendo por ter trabalhado com a gente. Porque nós temos que ter uma lembrança do cara. Ele morreu trabalhando, morreu lutando pela família dele. Deu a vida ali", continua o comerciante.
"O que percebi é que abafaram toda a situação. Ele faleceu ali embaixo mesmo (soterrado) e morreu na hora. Os meninos que trabalhavam com ele e sobreviveram sabiam, os socorristas também. Me deixa indignado não terem informado na hora", desabafa.
O último abraço
Trabalhando com Frederick há cerca de três meses, outro colega contou que tinha com ele "uma amizade de respeito, de brincadeiras no dia a dia". Ele continua: "Um rapaz muito esforçado. No mesmo dia a gente se abraçou, puxando brincadeira".
Esta mesma fonte contou que os companheiros de equipe estão "inconformados". A reportagem não conseguiu contatá-los."Perdemos um irmão nosso. Só com a saudade dele é a gente que vai ficar".
O que diz a empresa
Por telefone, uma pessoa do setor de gerência da empresa Da Fonte, fornecedora de águas da marca Indaiá, confirmou que Frederick Santana dos Santos era funcionário: "Não vamos nos pronunciar, mas adianto que estamos dando todo apoio à família". Questionado que tipo de assistência a família está recebendo, citou que era uma ajuda "sentimental e psicológica" e que não daria detalhes.
O POVO Online também buscou informações sobre velório de Frederick. As pessoas contatadas e a empresa disseram não ter a informação até as 12 horas desta quarta-feira, 16.
O desabamento
Um prédio residencial localizado na rua Tibúrcio Cavalcante, no bairro Dionísio Torres, na área nobre cidade de Fortaleza, desabou na manhã desta terça-feira (15), por volta das 10h30. O edifício de sete andares, identificado como Condomínio Andrea, ficava na esquina da rua Tomás Acioli e estava habitado.