Três anos e meio depois do acidente de Fukushima, o governo japonês publicou nesta quinta-feira o conteúdo das audiências dos protagonistas do drama, incluindo a do então diretor da central, Masao Yoshida.
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Falecido no ano passado em consequência de um câncer, Yoshida foi interrogado durante horas entre julho e novembro de 2011 sobre as operações realizadas para recuperar o controle da central.
"Quando o edifício do reator 3 explodiu, não tínhamos notícia de 40 pessoas. Naquele momento, disse que se algo acontecesse a eles, abriria as tripas ali mesmo. Felizmente ninguém morreu", contou.
Ao ser perguntado sobre se pensou em algum momento em abandonar o lugar, Yoshida respondeu: "No fim, se a situação tivesse sido realmente horrível e fosse necessário fugir, teria deixado o mínimo de pessoas indispensáveis. Eu tinha a intenção de ficar".
Yoshida era o intermediário entre os técnicos em terra e na sede em Tóquio da empresa Tokyo Electric Power (Tepco). O governo também dava ordens, a autoridade de segurança nuclear estava presente e suas intervenções nem sempre eram consideradas as mais adequadas.
"Por que era obrigado a falar diretamente com o governo, o que a sede e a autoridade faziam? Sempre pensei que não tinha sentido", se queixou, dizendo que cada vez era mais difícil responder a ordens incoerentes, o que motivou sua desobediência em algumas ocasiões.
Sua experiência em instalações atômicas permitiu a Yoshida entender rapidamente que em breve surgiria o problema da água contaminada.
"Desde março de 2011 adverti que se não nos ocupássemos corretamente do tratamento urgente de água, custaríamos a estabilizar a situação", insistiu.
Três anos e meio depois, os fatos dão razão Yoshida e provam que o problema das centenas de milhares de toneladas de líquido contaminado não foi levado a sério no momento.
Entre a lista de declarações, publicadas em um site governamental, também encontram-se as do ex-primeiro-ministro Naoto Kan, do ex-ministro da Indústria Banri Kaieda e do então porta-voz governamental Yukio Edano.