Ucrânia

Pró-ocidentais buscam aliança depois de vitória eleitoral na Ucrânia

Resultados parciais demonstram o apoio dado à posição de Poroshenko apesar da dura oposição do Kremlin

Da AFP
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Publicado em 27/10/2014 às 11:21
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Os partidos pró-ocidentais e nacionalistas da Ucrânia buscavam nesta segunda-feira uma aliança de governo depois da vitória arrasadora nas eleições legislativas de domingo, que deram um forte apoio à estratégia do presidente Petro Poroshenko de aliar-se com a Europa e por fim ao separatismo pró-Rússia.

Os resultados parciais demonstram o apoio dado à posição de Poroshenko, que deseja que o país de 45 milhões de habitantes e membro da ex-União Soviética abandone a órbita russa, apesar da dura oposição do Kremlin.

Apurados 40% dos votos, a Frente Popular do primeiro-ministro Arseni Yatseniuk está na liderança, com 21,6%. O Bloco de Poroshenko está bem próximo, com 21,5%. O terceiro é o partido conservador Samopomich (Autoajuda), com 11%. Os resultados parciais confirmam que as cinco formações favoráveis a uma aproximação com a UE obtiveram cerca de 70% dos votos.

Os eleitores, por outro lado, deram as costas aos partidos pró-russos vinculados ao ex-regime de Viktor Yanukovytch, destituído em fevereiro, e aos veteranos da política, como a ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko.

Com este resultado, os analistas preveem uma aliança de igual para igual entre o presidente Poroshenko e Yatseniuk, bem posicionado para continuar como chefe de governo.

"As pessoas votaram na dupla Poroshenko-Yatseniuk", afirmou Vadim Karasyov, do Instituto de Estratégias Globais de Kiev.

As eleições só não foram realizadas na Crimeia, anexada à Rússia e março, nem nas zonas controladas pelos separatistas nas regiões orientais de Lugansk e Donetsk. Por isso, das 450 cadeiras do parlamento, 27 permanecerão vagas.

Segundo Poroshenko, os ucranianos votaram em massa por uma aproximação irreversível de seu país com a Europa.

"Mais de 75% dos eleitores que participaram na votação apoiaram de maneira contundente e irreversível a orientação da Ucrânia para a Europa", declarou o presidente em um discurso à nação.

Ainda segundo ele, os ucranianos também votaram para uma solução pacífica do conflito armado no leste ucraniano.

Também para o Kremlin, os partidos que defendem o processo de paz para por fim ao conflito no leste ucraniano foram os grandes vencedores nas eleições legislativas de domingo, segundo afirmou nesta segunda-feira o vice-ministro das Relações Exteriores, Grigory Karasin.

"Está claro que os partidos que apoiam uma solução pacífica para a crise interna na Ucrânia receberam uma maioria parlamentar", declarou Karasin, citado pela agência Ria Novosti.

A votação transcorreu sem incidentes, com exceção do ocorrido na região de Kirovograde, centro do país, onde três conhecidos candidatos do bloco governamental foram agredidos a pedradas quando gravavam em vídeo uma tentativa de compra de votos.

A campanha eleitoral terminou na sexta-feira sem um grande comício ou manifestação, ofuscada pela guerra que causou mais de 3.700 mortos desde abril e forçou mais de 800 mil pessoas a fugir de suas casas.

Após as eleições, a primeira tarefa do chefe de Estado será construir uma coligação forte, capaz de adotar duras medidas de austeridade exigidas pelos credores internacionais da Ucrânia, o FMI e Bruxelas à frente.

O processo de paz iniciado pelo presidente não foi suficiente para parar completamente os combates, e os separatistas, que controlam partes das regiões de Donetsk e Lugansk, se preparam para realizar as suas próprias eleições em 2 de novembro.

Um cessar-fogo foi alcançado no início de setembro entre Kiev e os rebeldes, com a participação da Rússia, mas intensos combates prosseguem em alguns redutos de resistência, provocando a morte de civis quase diariamente.

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