A Anistia Internacional acusou a Etiópia de ter "perseguido sem misericórdia" e torturado o maior grupo étnico do país por considerar que estão contra o governo. O relatório com mais de 200 entrevistas foi divulgado nesta terça-feira (28).
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No documento, citado pelas agências internacionais, a entidade aponta que milhares de pessoas da etnia Oromo foram regularmente sujeitas as prisões arbitrárias, detenções prolongadas sem acusações, desaparecimento forçado, tortura repetida e assassinatos encomendados pelo Estado.
De acordo com o relatório, pelo menos 5 mil membros da etnia foram presos, muitas vezes simplesmente por estarem em contato com opositores do governo ou pela hipótese de serem simpatizantes. O documento cita ainda o desaparecimento de dezenas de opositores e de pessoas suspeitas de serem da oposição.
Os detidos, que fugiram para os países vizinhos e foram entrevistados pela Anistia Internacional, fizeram um relato que inclui espancamentos, choques elétricos, execuções encenadas, queimaduras com metal aquecido e violações – algumas delas em grupo.
O governo da Etiópia não respondeu de imediato à divulgação do relatório, mas tem desvalorizado esse tipo de documento, negando qualquer acusação de tortura ou de detenções arbitrárias.
"A perseguição a dissidentes do Oromo, reais ou imaginários, por parte do governo da Etiópia é avassaladora e, muitas vezes, chocante em sua brutalidade", comentou a investigadora da Anistia Internacional, Claire Beston, acrescentando que estas práticas "são aparentemente levadas a cabo para avisar, controlar ou silenciar todos os sinais de desobediência política na região".
Com 27 milhões de pessoas, a etnia Oromo é a mais populosa da Etiópia. É composta por estados federais e tem sua própria linguagem.