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Kerry destaca união das grandes potências em negociações com o Irã

"Queremos chegar a um acordo, mas não a qualquer acordo", disse o secretário de Estado americano

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Publicado em 20/11/2014 às 14:04
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As grandes potências estão unidas para conseguir um acordo com o Irã sobre seu programa nuclear, declarou nesta quinta-feira (20) em Paris o secretário de Estado americano, John Kerry.

"Queremos chegar a um acordo, mas não a qualquer acordo. Estamos todos unidos no grupo 5 + 1" (EUA, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Rússia e China), disse Kerry em declarações à imprensa concedidas ao lado do chanceler francês, Laurent Fabius, ao término de uma reunião entre ambos.

John Kerry vai viajar ainda nesta quinta de Paris a Viena para participar das negociações sobre o programa nuclear iraniano realizadas na capital austríaca.

"Vamos trabalhar com afinco" para obter um acordo antes da data limite, disse Kerry, considerando que França e Estados Unidos mantêm a mesma posição em relação ao tema.

"Desejamos um acordo com o Irã", um acordo que, "essencialmente, esteja relacionado à energia nuclear civil, mas não à bomba atômica", afirmou Fabius.

Kerry deixou claro, por outro lado, que não haverá discussão sobre uma extensão das negociações.

As negociações entre o Irã e as grandes potências do grupo "5+1" (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha e Rússia) são realizadas em Viena desde terça-feira. Os participantes estabeleceram como prazo o dia 24 de novembro para que um acordo sobre o polêmico programa nuclear do Irã seja concluído. A República Islâmica é acusada de querer produzir uma arma atômica, algo que as autoridades iranianas negam.

Qualquer acordo daria fôlego à economia iraniana, principalmente abrindo mercado para a venda de petróleo. Também iria pavimentar o caminho para a normalização das relações entre o Irã e o Ocidente, tornando possível a cooperação em questões fundamentais para a ordem mundial, como as crises no Iraque e na Síria.

Mas o chefe do programa nuclear iraniano, Ali Akbar Salehi, ressaltou nesta quinta que a República Islâmica se recusa a reduzir seu estoque de urânio enriquecido, a limitar suas capacidades de enriquecimento de urânio e a modificar seu reator nuclear de Arak, pontos considerados críticos pelos ocidentais em razão de suas possíveis dimensões militares.

Em Israel, o ministro da Inteligência, Yuval Steinitz, pediu que as grandes potências não assinem um "mau acordo" com o Irã, afirmando que um eventual desenvolvimento das capacidades nucleares desse país criará uma "nova e perigosa ordem mundial".

Israel se considera o primeiro provável alvo de um Irã dotado da bomba atômica.

Neste sentido, o ministro israelense declarou que Israel se reserva "todas as opções" para se defender, referindo-se implicitamente à possibilidade de uma ação armada.

Ele acionou "pela última vez o sinal de alerta" para o grupo 5+1, em meio a uma fase crítica nas negociações por um acordo antes do dia 24.

"Não assinem um mau acordo com o Irã, que lhes permita ser um Estado no limite (de conseguir a arma nuclear), que permita ao Irã manter a maior parte de suas centrífugas destinadas a enriquecer urânio e manter a capacidade de produzir uma arma nuclear", disse o ministro à imprensa.

Em Viena, os iranianos não fizeram "nenhuma concessão significativa", prosseguiu Steinitz. Se o Irã se tornar uma potência nuclear (militar), se puder, não apenas manter, mas desenvolver no futuro suas capacidades nucleares militares ou suas capacidades nucleares duais - o que vai mudar o mundo para sempre -, isso vai criar uma nova e perigosa ordem mundial por décadas".

"Se o Irã concluir suas instalações nucleares (...) terá capacidade de produzir dezenas de ogivas nucleares, entre 20 e 30 por ano", alertou. "Se o Irã se tornar uma potência nuclear (militar) em cerca de uma década, poderá ter um estoque de 100 armas nucleares".

Com o presidente iraniano, Hassan Rohani, a relação com a comunidade internacional, mas "o Irã ainda é muito perigoso", segundo ele. O Irã é há anos o principal país do mundo "a apoiar as organizações terroristas".

"Infelizmente, não há um bom acordo sobre a mesa" em Viena, disse.

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