Milhares de manifestantes interromperam o tráfego em Nova Iorque na madrugada desta quinta-feira (4), após um júri decidir não indiciar um policial branco pela morte por asfixia de um homem negro desarmado.
Leia Também
Protestos em grande maioria pacíficos surgiram espontaneamente na quarta-feira à noite por toda ilha de Manhattan, incluindo o terminal Grand Central, a Times Square e as proximidades do Rockefeller Center.
Em julho, o policial Daniel Pantaleo imobilizou Eric Garner, que morreu asfixiado. A polícia alegou que ele resistiu à prisão. Uma autópsia conduzida pelo serviço médico municipal concluiu que a morte foi um homicídio.
Os protestos em Nova Iorque foram pacíficos, embora cerca de 30 pessoas tenham sido presas até a madrugada.
A polícia demonstrou contenção ao lidar com os protestos, permitindo que manifestantes bloqueassem o tráfego por um breve período, antes de coagi-los a liberar a passagem dos carros.
Os manifestantes bloquearam o trânsito no túnel Lincoln, na ponte do Brooklyn e em Midtown. Um carro foi incendiado no Brooklyn.
Também houve protestos pacíficos na capital Washington e em outras cidades. Em Nova Iorque, os manifestantes gritavam as últimas palavras de Garner, como "Eu não consigo respirar".
O incidente em Staten Island, distrito menos povoado de Nova York, foi filmado e o vídeo rapidamente se espalhou pela internet, alimentando o debate sobre o abuso da violência pela polícia norte-americana.
Foi o segundo júri em pouco mais de uma semana a não indiciar um policial branco pelo morte de um homem negro desarmado nos EUA. A decisão do júri sobre a morte a tiros do adolescente negro Michael Brown em Ferguson, no Missouri, provocou uma onda de violência, com lojas incendiadas e saqueadas no subúrbio de St. Louis.
ÁRVORE DE NATAL
Os manifestantes, com cartazes nos quais exigiam justiça, decidiram deslocar-se até o Rockefeller Center, onde esta noite estava programada a tradicional cerimônia de acendimento árvore de Natal.
A ideia era atrapalhar o acendimento, mas os manifestantes foram mantidos afastados.
O prefeito de Nova Iorque, Bill de Blasio, deveria apertar o botão que acende as luzes da árvore, mas cancelou sua participação de última hora devido aos protestos.
A polícia interditou as avenidas nas proximidades do evento, o que provocou aglomerações e dificuldade de acesso para os presentes, mas a cerimônia aconteceu com normalidade, apesar do som de sirenes e helicópteros.
Participaram do evento Mariah Carey, Lady Gaga e Tony Bennett.
INVESTIGAÇÃO
O Departamento de Justiça disse estar conduzindo investigação independente para descobrir se os direitos civis de Garner foram violados.
A decisão representa o maior desafio já enfrentado pelo prefeito de Nova Iorque, que assumiu o cargo em janeiro com a promessa de pacificar as tensas relações entre nova-iorquinos negros e a polícia.
De Blasio anunciou que um grupo de 60 policiais testará, a partir deste final de semana, uma mini câmera em seus uniformes, em uma tentativa de dar mais transparência às ações da polícia.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, citou a crescente desconfiança de parte da comunidade em relação à polícia: "Estamos vendo excessivas situações nas quais as pessoas não têm confiança de que houve um procedimento justo [...]. Isto é um problema americano".