O presidente americano, Barack Obama, anunciou nesta sexta-feira (5) a nomeação de Ashton Carter como seu secretário de Defesa, em substituição a Chuck Hagel.
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A luta contra o grupo Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria será uma das prioridades deste homem de 60 anos, que foi o número dois do Pentágono entre 2011 e 2013, como subsecretário de Leon Panetta.
Mas este graduado em História medieval e em Física também deverá encontrar o seu lugar dentro de uma administração em que o poder parece estar concentrado nas mãos de um grupo restrito, um funcionamento abertamente criticado por dois de seus antecessores, Robert Gates e Leon Panetta.
Ao aceitar esta nomeação durante uma breve cerimônia na Casa Branca, Carter revelou sua determinação em falar francamente com o presidente sobre todos os assuntos.
Por sua vez, Obama destacou ter trabalhado em estreita colaboração com ele nos últimos anos: "Ele estava ao meu lado para responder aos complexos desafios que enfrentamos, eu confiei em seus conhecimentos e opiniões".
Evocando os desafios pela frente, o presidente americano destacou a luta contra os jihadistas do EI, mas também o fim da missão de combate no Afeganistão até o final de 2014, a resposta ao vírus Ebola na África Ocidental, aonde militares americanos foram mobilizados, e até mesmo o fortalecimento das alianças militares dos Estados Unidos.
Mas ele também ressaltou os indispensáveis esforços orçamentais, e destacou a necessidade de o Pentágono ser "mais eficaz".
A confirmação de Ashton Carter pelo Senado não deverá ser, em princípio, um problema, na medida em que vários legisladores republicanos já indicaram que não vão se opor.
O senador republicano John McCain considerou que Carter é "muito competente, muito trabalhador e dotado de uma sólida experiência". Contudo, acrescentou com ironia que "espera que ele compreenda que terá provavelmente uma influência limitada sobre o pequeno círculo que rodeia o presidente e que notoriamente controla todo o processo de tomada de decisões".
DAS SOMBRAS À LUZ - Sintoma das tensões em torno da saída de Chuck Hagel, este não esteve presente durante a cerimônia na Casa Branca, ao contrário do que havia sido anunciado.
"É difícil imaginar alguém mais preparado (do que Carter) para este posto", avaliou Stephen Biddle, professor da Universidade George Washington. "Ele é muito respeitado pelos civis e militares no Pentágono. Ele é um gestor experiente".
"Mas a grande incerteza gira em torno de sua capacidade de lidar com a política de defesa americana dentro de um governo extremamente centralizado", disse, estimando que, enquanto "sempre houve alguma tensão entre civis e militares, sob esta administração é inquestionavelmente mais forte".
Questionado na quinta-feira sobre a margem de manobra que terá o sucessor de Hagel, o porta-voz governamental Josh Earnest assegurou que a existência de atrito entre a presidência e o Pentágono não era "nova nem típica desta administração".
Mas ele também deixou claro todos os papeis: "o presidente é o comandante-em-chefe (das Forças Armadas) e está no topo da cadeia de comando".
Independentemente das relações com o presidente, Carter, que trabalhava até agora nas sombras, deverá se acostumar a partir de agora a agir em plena luz do dia.