Um tribunal militar da Nigéria condenou à morte 54 soldados que se negaram a participar de uma operação contra o grupo terrorista Boko Haram durante o mês de agosto, segundo confirmaram fontes do Ministério da Defesa nigeriano.
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A corte declarou os militares culpados por conspiração criminosa para se amotinar e os condenou à morte por fuzilamento nesta quinta-feira (18).
Outros cinco foram absolvidos no julgamento secreto, segundo o advogado Femi Falana.
Eles foram o primeiro grupo de 97 soldados julgados por crimes como motim, agressão, fuga, destruição de casas e comportamento desordeiro.
Aparentemente, os soldados, todos membros da Sétima Divisão do Exército nigeriano, destacada na cidade nordeste de Maiduguri, teriam se negado a fazer parte de uma missão para recuperar três aldeias que haviam sido tomadas pelo Boko Haram.
Os 54 militares se declararam inocentes das acusações. Uma das testemunhas apresentadas pela procuradoria reconheceu que a maior parte deles se uniram à operação com posterioridade, relata o jornal local "Premium Times".
Trata-se da segunda sentença de morte contra militares emitida pelo tribunal militar de Abuja, que no mês de setembro condenou à morte outros 12 militares da mesma Divisão por se amotinar e disparar contra o oficial do comando de sua unidade.
Nos últimos meses, a ofensiva do Exército nigeriano contra Boko Haram desacelerou pelas constantes queixas dos soldados, que denunciam a falta de armas e equipamento apropriado para lutar contra um inimigo que muitas vezes dispõe de mais e melhores recursos.
A proximidade das eleições presidenciais, previstas para meados de fevereiro de 2015, transformou a luta contra Boko Haram em um assunto prioritário, já que existe um grande temor de que o Exército não seja capaz de garantir a segurança durante as votações.
As tropas são acusadas de praticar abusos, segundo grupos de direitos humanos, incluindo matar civis e queimar suas casas.
BOKO HARAM
Desde 2009 o grupo luta para refundar um califado islâmico sob o cumprimento estrito da sharia (lei islâmica). O nome do movimento significa "a educação ocidental é proibida".
A violência do Boko Haram e sua repressão pelas forças de segurança fizeram 13 mil mortos e mais de um milhão de deslocados desde 2009.
Em abril o grupo Boko Haram sequestrou mais de 200 meninas de aldeia Chibok, também no norte da Nigéria. O caso ganhou repercussão internacional.
Embora o governo tenha anunciado em outubro um cessar-fogo com o grupo e a libertação das meninas, os islamitas negaram o acordo e disseram já ter casado as estudantes.