O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, promulgou nesta quinta-feira (18) uma lei que permite impor sanções contra autoridades do governo da Venezuela acusadas de violar o direito de manifestantes durante uma onda de protestos que tomou o país no começo deste ano.
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A promulgação foi repudiada pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que definiu a medida como uma "agressão".
As sanções contra autoridades venezuelanas permitem negar vistos e congelar bens de indivíduos que a lei considera que estiveram envolvidos em uma ofensiva contra a oposição durante os três meses de protestos de rua contra o crime e a crise econômica na Venezuela. Os protestos deixaram 43 mortos.
A lei também permite a aplicação de sanções, mas cabe ao presidente americano fazer uso da medida.
Maduro fez um paralelo entre a recente reaproximação entre EUA e Cuba e a medida contra a Venezuela.
"São as contradições de um império que pretende impor sua dominação por qualquer via, subestimando a força e consciência da pátria. Por isso, repudio as insolentes medidas tomadas pela elite imperial dos Estados Unidos", escreveu Maduro em sua conta no Twitter.
O mandatário acrescentou que Obama deu "um passo em falso" contra a Venezuela ao promulgar a medida que o Congresso dos EUA já havia aprovado na semana passada.
Obama referendou a Lei para a Defesa dos Direitos Humanos e Sociedade Civil da Venezuela, junto com várias leis que chegaram a sua mesa aprovadas pelo Congresso --como a que lhe autoriza a adotar novas sanções contra a Rússia pelo conflito na Ucrânia.
A Casa Branca já tinha indicado que o líder assinaria as sanções, apesar de Obama ter evitado tomar essa atitude antes, na esperança de um acordo entre governo e oposição na Venezuela.
"Não permanecemos em silêncio, nem faremos isso, frente a ações do governo venezuelano que violam os direitos humanos, as liberdades fundamentais e as normas democráticas", declarou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, um dia depois de o Congresso aprovar a medida.
ISOLAMENTO
A Venezuela corre o risco de ficar isolada na região em sua retórica antiamericana, depois que Cuba e EUA, grandes arqui-inimigos ideológicos do continente, fizeram um acordo para a normalização das relações diplomáticas.
Sobre a aproximação, Maduro tuitou que os EUA "reconheceram o fracasso das políticas de agressão e bloqueio contra nossa irmã Cuba, que com dignidade resistiu e venceu".
EUA e Venezuela mantêm tensas relações e suas legações diplomáticas se encontram em nível de encarregados de negócios após as expulsões mútuas de seus embaixadores há quatro anos.