A busca internacional para encontrar o avião da AirAsia que desapareceu no domingo (28) entre Indonésia e Cingapura com 162 pessoas a bordo se concentrava nesta segunda-feira (29) em um rastro de combustível que pode ser da aeronave, que se encontra provavelmente no fundo do mar, segundo uma autoridade local.
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Cingapura, Malásia e Austrália enviaram aviões e barcos para apoiar a Indonésia nos trabalhos de busca, enquanto os familiares dos desaparecidos esperavam ansiosamente por notícias dos ocupantes do Airbus A320-200, que decolou no domingo de Surabaya, no leste da Indonésia, em direção a Cingapura.
"Papai, volte para casa, ainda preciso de um pai", escreveu a filha do piloto indonésio Iriando, em uma mensagem rapidamente propagada nas redes sociais.
O avião desta companhia de baixo custo malaia desapareceu depois que os pilotos pediram permissão aos controladores de tráfego aéreo para se desviar do plano de voo devido ao mau tempo.
Um porta-voz do exército indonésio, Hadi Tjahjanto, declarou à AFP que a busca se concentra agora em um rastro de combustível perto da ilha de Belitung, no mar de Java. "Estamos verificando se é combustível procedente do avião da AirAsia ou de um barco, já que este local está em um corredor marítimo", disse.
"Com base nas informações que temos (...) a hipótese é que o avião está no fundo do mar", afirmou em uma coletiva de imprensa o chefe dos serviços de resgate indonésios, Bambang Soelistyo.
A bordo da aeronave viajavam 155 indonésios, três sul-coreanos, um francês - o co-piloto -, um britânico, um malaio e um cingapuriano. No total, sete membros da tripulação e 155 passageiros, entre eles 16 crianças e um bebê.
O vice-presidente indonésio, Jusuf Kalla, afirmou, por sua vez, que os objetos detectados no mar não procediam da aeronave da AirAsia, após a divulgação de informações segundo as quais um avião de vigilância australiano havia localizado algo.
"Esta operação no mar não é simples, sobretudo com mau tempo", lamentou Kalla, acrescentando que 15 barcos e 30 aviões participam das buscas.
A ANGÚSTIA AUMENTA - Os parentes dos desaparecidos passaram a noite em Surabaya com a esperança de obter notícias, enquanto a angústia aumenta.
"Meu irmão era um um profissional excelente e vivia há três anos na Indonésia", disse nesta segunda-feira Renée, irmã do co-piloto.
Vicky afirmou que ainda mantinha as esperanças de encontrar seus dois irmãos, que pegaram o voo QZ8501, ao mesmo tempo em que considerou impróprias as declarações de uma autoridade indonésia, que disse compartilhar a tristeza das famílias. Para Vicky, isso quer dizer que os passageiros estão mortos.
Os controladores de tráfego aéreo perderam no domingo o contato com a aeronave uma hora após sua decolagem do aeroporto internacional Juanda em Surabaya (leste da ilha de Java) às 05h20 locais. Seu pouso estava previsto em Cingapura às 08h30 (22h30 de Brasília).
Pouco antes de desaparecer dos radares, o piloto havia solicitado subir 6.000 pés de altitude para alcançar os 38.000 com o objetivo de evitar as nuvens, indicou um funcionário do ministério dos Transportes, Djoko Murjatmodjo.
CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS TERRÍVEIS - "O avião voava em um corredor habitual e em um horário regular, mas, ao que parece, enfrentou condições meteorológicas terríveis e perdeu altitude", declarou o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott.
A AirAsia Indonesia, uma filial da AirAsia, buscava o avião desaparecido.
A sede desta empresa se localiza em Kuala Lumpur, capital da Malásia, onde a companhia aérea perdia 12% na abertura da bolsa, embora tenha conseguido fechar com uma queda de 8,5%.
O Airbus desaparecido foi revisado em 16 de novembro, indicou a AirAsia, uma empresa que nunca havia tido um acidente fatal até a data.
O ano de 2014 foi ruim para a aviação malaia, com a perda de dois aviões da companhia nacional Malaysia Airlines.
Um Boeing 777-200 da Malaysia Airlines desapareceu no dia 8 de março pouco depois de decolar em Kuala Lumpur com 239 pessoas a bordo e quatro meses depois, em 17 de julho, outro Boeing 777 da mesma companhia foi derrubado por separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.
A Indonésia, um arquipélago de 17.000 ilhas muito dependente do transporte aéreo, tem um dos piores balanços na Ásia em matéria de segurança aérea.