Um empresário da construção chinês recorreu a um grupo de homens portadores do vírus da Aids para perseguir e obrigar moradores a deixar suas casas, provocando indignação nas redes sociais nesta terça-feira (30).
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O caso é o mais recente a destacar a discriminação generalizada na China contra as pessoas que vivem com o vírus HIV.
Ele também ressalta a falta de escrúpulos de algumas empresas imobiliárias e funcionários, que expulsam moradores de suas casas em um país onde a revenda de terras pode fornecer grandes dividendos para os governos locais.
"As táticas obscenas das equipes de demolição emergem em uma sucessão incontável", declarou um usuário do Sina Weibo, a versão chinesa do Twitter, nesta terça-feira.
"Os departamentos governamentais definitivamente sabem sobre isso, eles estão apenas fingindo que não", escreveu outro.
De acordo com uma reportagem divulgada na segunda-feira pela rede de televisão estatal chinesa CCTV, um empresário da construção na cidade de Nanyang contratou seis pessoas com HIV com o objetivo de forçar moradores de um complexo residencial que seria demolido a deixar suas casas.
Li Gejun, vice-chefe de propaganda do distrito de Wolong, na província de Nanyang, disse à CCTV que a Yi'an Real Estate Company contratou os pacientes "a fim de alcançar sua meta de demolição rápida".
Imagens divulgadas pela emissora mostraram as palavras "Equipe de demolição AIDS" pichadas em muitos muros do complexo residencial.
Os homens contratados também detonaram fogos de artifício, perseguiram moradores e lançaram bolas de aço contra as janelas das casas, segundo a agência de notícias oficial Xinhua.
Quatro funcionários foram advertidos e cinco suspeitos detidos em conexão com o caso, segundo a Xinhua, acrescentando que a demolição do complexo residencial foi decidida no âmbito de um plano do governo.
As demolições forçadas são uma fonte de descontentamento constante na China, onde os governos locais muitas vezes ganham somas enormes por expulsar as pessoas para liberar a terra e, em seguida, revendê-la para desenvolvedores.
O incidente ocorreu na província de Henan, que na década de 1990 foi palco de um enorme escândalo de sangue contaminado que afetou dezenas de milhares de pessoas.
Ele acontece uma semana após o ministro chinês da Saúde precisar se comprometer a fornecer cuidados médicos a Kunkun, um menino soropositivo de oito anos depois que os habitantes de seu povoado tentaram expulsá-lo.
Cerca de 200 moradores - incluindo o próprio avô da criança - assinaram uma petição para expulsar o menino de sua aldeia na província de Sichuan para "proteger a saúde dos moradores".
A discriminação contra as pessoas com Aids continua sendo um problema em escolas, hospitais, locais de trabalho e outros estabelecimentos em toda a China, um fator que os especialistas dizem que dificulta os esforços para diagnosticar e tratar a doença.