O presidente peruano, Ollanta Humala, enfrentou na noite desta segunda-feira (29) a terceira passeata reunindo milhares de jovens que, há 11 dias, exigem a anulação de uma lei trabalhista juvenil que desencadeou os maiores protestos desde que ele chegou ao poder, em 2011.
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A mobilização, pacífica, teve início na histórica e central praça José de San Martín, epicentro das manifestações em Lima, e percorreu 10 quilômetros, até a sede da Confederação Nacional de Instituições Empresariais Privadas, considerada a principal beneficiada pela lei.
"O governo de inclusão é pura ilusão", lia-se em um dos cartazes exibidos pelos jovens, que transformaram um slogan político de Humala em denúncia social contra o seu governo.
À passeata, da qual participaram 5 mil pessoas, segundo os organizadores, somou-se o Sindicato de Inspetores Trabalhistas do Ministério do Trabalho, órgão encarregado de garantir que as empresas respeitem as leis. "A lei é para escravos", dizia um cartaz exibido por uma jovem.
Na sede da Confederação, no bairro financeiro de San Isidro, mais de 100 policiais fizeram um cerco para impedir que os manifestantes se aproximassem do local.
A manifestação foi convocada pelo Facebook e Twitter. O movimento juvenil, que não tem lideranças e surgiu de forma espontânea em meados de dezembro, após a aprovação da lei, classifica-a de discriminatória, uma vez que a mesma elimina benefícios sociais, reduz de 30 para 15 dias o período de férias e não oferece compensação por tempo de serviço.
O novo regime trabalhista juvenil visa, segundo o governo, a inserir no mercado a população com maior índice de desemprego, que compreende a faixa de 18 a 24 anos.
Os organizadores convocaram para 15 de janeiro a quarta passeata, caso a lei ainda não tenha sido anulada.
A participação nas marchas anteriores, em 18 e 22 de dezembro, surpreendeu o governo, que tenta esvaziar o protesto prometendo melhoras que atendam parcialmente às demandas dos jovens.
A mulher de Humala, Nadine Heredia, presidente do Partido Nacionalista, comanda das redes sociais uma propaganda em favor da lei que inclui os ministérios da Economia e do Trabalho, entre outros.
Os protestos começaram quando Humala aumentou este mês em cinco pontos percentuais sua popularidade, a 30%, segundo as pesquisas, e acontecem no momento em que o Peru busca superar a queda do ritmo de seu crescimento econômico, que, em 2014, ficou abaixo de 3%.