A explosão de um carro-bomba em uma academia de polícia deixou mais de 30 mortos nesta quarta-feira em Sanaa, capital do Iêmen, em um ataque que destaca a crescente instabilidade no país.
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A agência oficial de notícias Saba citou o ministério do Interior, que informou sobre ao menos 31 mortos e dezenas de feridos, no que foi descrito como um atentado terrorista que tinha como alvo potenciais recrutas da polícia.
O instável e empobrecido Iêmen foi atingido por uma onda de violência nos últimos meses, com uma poderosa milícia xiita, conhecida como Huthis, entrando em confronto com forças tribais e com o braço da Al-Qaeda no país.
Khaled Ajlan, uma testemunha, disse que a explosão ocorrida durante a manhã atingiu um grupo de 60 "novos alunos que estavam se registrando na academia de polícia".
Os corpos carbonizados dos mortos, homens jovens, em sua maioria, foram empilhados na calçada em frente à academia ao lado de documentos encharcados de sangue que eles carregavam.
Os destroços de um carro - supostamente o utilizado no ataque - jazia nas proximidades.
As equipes de resgate colocavam corpos na parte de trás das ambulâncias, que abriram caminho através dos curiosos reunidos, muitos tirando fotos do banho de sangue com seus telefones celulares.
O ministério da Saúde emitiu alertas pedindo que os habitantes de Sanaa "doem sangue em hospitais do governo para ajudar os feridos".
Ainda não está claro quem está por trás do ataque, mas a Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), poderoso braço da rede jihadista no Iêmen, reivindicou atentados contra as forças de segurança do país anteriormente.
Em declarações à AFP no local, um integrante das forças de segurança não oficiais Huthi acusou "radicais pertencentes à Al-Qaeda" de ter realizado o ataque.
O ministério do Interior informou que a inscrição na academia militar será suspensa por uma semana.
Muitos dos potenciais recrutas tinham viajado de outras partes do país para a academia e o ministério declarou que no futuro irá registrá-los localmente para evitar que outro grupo como esse seja tomado como alvo.
Instabilidade
O Iêmen tem sido marcado por uma instabilidade crescente desde as revoltas populares de 2011, que provocaram a saída do presidente Ali Abdullah Saleh.
A agitação cresceu depois que os Huthis, também conhecidos como Ansarullah, lançaram uma ofensiva e tomaram o controle de Sanaa no dia 21 de setembro.
A milícia, desde então, expandiu sua presença no centro e no oeste do Iêmen, encontrando forte resistência das tribos sunitas e dos militantes da Al-Qaeda.
O aumento da violência tem gerado temores de que o Iêmen - um aliado-chave dos Estados Unidos que compartilha uma longa fronteira com a Arábia Saudita, rica em petróleo - se torne um estado falido que contribui com o aumento da instabilidade regional.
Um ataque suicida contra partidários Huthis no centro do Iêmen na semana passada matou 49 pessoas.
Quatro pessoas, incluindo um repórter, foram mortas no domingo em outra explosão que tinha como alvo um encontro de Huthis no sudoeste do Iêmen, enquanto seis milicianos ficaram feridos em uma explosão em Sanaa na segunda-feira.
A AQPA, considerada pelos Estados Unidos o braço mais perigoso da Al-Qaeda, prometeu lutar contra os Huthis.
O Iêmen é um aliado dos Estados Unidos em sua luta contra a rede jihadista, permitindo que Washington realize uma guerra de longa data com drones em seu território contra a AQPA.