Um homem muçulmano que escondeu um grupo de clientes - um com um bebê - no congelador de um porão do supermercado kosher invadido pelo terrorista Amedy Coulibaly na sexta (9) tem sido tratado como um herói.
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Lassana Bathily, 24, nascido no Mali e funcionário do estabelecimento, foi elogiado por arriscar sua própria vida para salvar a de outras pessoas.
"Quando eles vieram correndo, eu abri a porta do freezer", disse à TV francesa.
"Muitos vieram comigo. Eu apaguei a luz e desliguei o congelador, coloquei eles dentro, fechei a porta e lhes pedi para que ficassem calmos. Eu disse 'fiquem aí quietos, vou sair'".
Quando conseguiu escapar por meio de um elevador de mercadorias, Bathily foi confundido pela polícia, que pensou se tratar de um cúmplice de Coulibaly.
"Eles me disseram 'deite-se no chão, mãos na cabeça'. Me algemaram e me detiveram por uma hora e meia, como se eu estivesse com os terroristas", contou.
Depois do tiroteio e da invasão policial ao supermercado, Bathily conta que muitos dos clientes vieram apertar sua mão. "Quando eles saíram, me agradeceram", completou.
Assim que a notícia sobre Bathily foi divulgada, muitas pessoas expressaram por meio das redes socials o desejo de que o jovem malinês seja oficialmente reconhecido por sua coragem.
Um dos salvos por Bathily, Johan Dorre, 36, que tem quatro filhos, conseguiu ligar para seu tio e disse que estava escondido dois andares abaixo do nível da rua. Jacob Karotza, outro tio do homem, disse que "Johan e os outros estavam com medo de que o terrorista os descobrisse e tiveram de ficar amontoados como animais para evitar hipotermia".
O desfecho do episódio, porém, foi trágico. Quatro dos reféns acabaram morrendo. Coulibaly também morreu após uma troca de tiros quando a polícia invadiu o local.
Quase ao mesmo tempo, forças de ordem francesas também invadiam uma gráfica onde os irmãos Said e Chérif Kouachi, autores do atentado ao jornal "Charlie Hebdo" –que deixou 12 mortos na quarta (7)– estavam entrincheirados. Os terroristas foram abatidos.
Em vídeo divulgado hoje, Coulibaly alega que os atentados foram planejados com antecedência por ele e pelos irmãos, e que foram simultâneos para que ganhassem mais repercussão. Além disso, na mesma gravação, o terrorista também diz pertencer ao Estado Islâmico, milícia radical que conquistou partes de Síria e Iraque e que pretende instaurar um Califado na religião.