Charlie Hebdo

Para Papa, liberdade de expressão não dá direito de insultar a fé do próximo

"Se um grande amigo fala mal da minha mãe, ele pode esperar um soco, e isso é normal. Não podemos provocar nem podemos insultar a fé dos outros", afirmou

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Publicado em 15/01/2015 às 15:16
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"Se um grande amigo fala mal da minha mãe, ele pode esperar um soco, e isso é normal. Não podemos provocar nem podemos insultar a fé dos outros", afirmou - FOTO: NOEL CELIS / AFP
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O papa Francisco entrou, nesta quinta-feira (15), no debate sobre a liberdade de expressão que tem se intensificado desde o ataque contra a revista satírica francesa Charlie Hebdo. O pontífice considera que este "direito fundamental" não autoriza insultar ou debochar da religião de outras pessoas.

Os comentários do Papa foram feitos a bordo do avião que o levava de Sri Lanka às Filipinas e se referiam aos ataques jihadistas contra a Charlie Hebdo, quando 12 pessoas foram mortas. Sobre o atentado, Francisco disse que "matar em nome de Deus" é uma "aberração", mas que a liberdade de expressão não autoriza tudo e deve ser exercida "sem ofender".

"Se um grande amigo fala mal da minha mãe, ele pode esperar um soco, e isso é normal. Não podemos provocar nem insultar a fé dos outros. Há tantas pessoas que falam mal de outras religiões, que as ridiculariza, fazendo-as um brinquedo. São pessoas que provocam", ressaltou.

A revista Charlie Hebdo, ameaçada há vários anos por grupos jihadistas por publicar caricaturas de Maomé, sempre reivindicou sua laicidade e até mesmo seu anti-clericalismo, sem hesitar ridicularizar bispos e papas.

"O que acontece atualmente (com os atentados jihadistas) nos assusta, mas pensem em nossa Igreja. Quantas guerras movidas pela religião nós vivemos? Pensem na noite de São Bartolomeu (massacre iniciado pelos católicos contra protestantes franceses e que marcou o início do século XVI das guerras religiosas). Nós também fomos pecadores", lembrou o papa.

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