Autoridades espanholas proibiram manifestação contra o Islã, convocada por organizações e partidos de extrema-direita, como a Aliança Nacional. A intenção dos organizadores era concentrar o ato em frente a uma mesquita islâmica da capital, Madri – uma das mais frequentadas da Espanha. A proibição também se aplica a um ato que estava sendo organizado para acontecer na cidade de Valência.
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Na internet, um cartaz convocando as pessoas a participarem da manifestação é assinado pelo coletivo A Espanha em Marcha - organização que reúne grupos de extrema-direita sob o lema "Islã fora da Europa, fazer frente ao ódio que tem a nossa cristandade. Não ao multiculturalismo".
De acordo com a delegada do governo em Madri, Cristina Cifuentes, foram solicitados pareceres da polícia de Madri e de peritos jurídicos que consideraram que a proibição "cumpre estritamente o artigo da Constituição espanhola que permite [às autoridades] proibir as manifestações ou concentrações que constituam grave risco para a segurança dos cidadãos ou bens". Segundo ela, o ato convocado pelo grupo A Espanha Em Marcha constitui risco.
Por meio do Twitter, o grupo A Espanha em Marcha afirma que a proibição fere o direito à liberdade de expressão. A Aliança Nacional também usa o mesmo argumento para questionar a decisão. “Era na Europa onde se presumia a liberdade de expressão? Pois, neste momento, proibiram o ato do dia 23” - diz a mensagem.
Em mensagens publicadas nos últimos dias, os responsáveis pela página do grupo Espanha em Marcha no microblog afirmam que é necessário parar o avanço do Islã, pois os perpetradores de massacres e chacinas atribuídas a grupos radicais islâmicos teriam saído, segundo eles, da mesquita em que aconteceria o ato.
“Não se esqueçam. A Mesquita da [Rodovia] M-30 é o lugar onde [esses grupos] recrutam jihadistas para matar cristãos na Síria e no Iraque”, diz uma mensagem da última terça-feira (14).
Além da mesquita próxima a uma estrada de acesso a Madri, a M-30, a capital espanhola abriga outra mesquita, central, no bairro de Tetuan, e 42 locais de oração. Na última sexta-feira, a mesquita central de Madrid foi alvo da ação de vândalos que picharam as paredes com frases como "Islã, fora da Europa", "cães" e outros insultos.