Os argentinos voltaram às ruas para exigir que seja investigada a morte do procurador Alberto Nisman. Os relatórios preliminares da autópsia, que confirmaram que Nisman deu um tiro na cabeça com uma pistola calibre 22, encontrada ao lado do corpo em sua casa em Buenos Aires, não são suficientes para afastar as dúvidas sobre a morte. O problema começou há 20 anos com um dos atentados mais sangrentos da história do país.
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A procuradora encarregada do caso, Viviana Fein, informou que será investigado se a morte de Nisman, que denunciou a presidenta Cristina Kichner por encobrir a participação do Irã em atentado contra um centro judaico, foi "suicídio induzido".
Cristina Kirchner rompeu o silêncio sobre o caso em extensa carta reproduzida em rede social. Ela denunciou a existência de uma história "muito sórdida" por trás da morte de Alberto Nisman, garantindo que seu governo fez tudo o possível para esclarecer o atentado, que deixou 85 pessoas mortas em 1994. Horas antes da declaração, o governo argentino desclassificou o material dos serviços secretos que o procurador utilizou.
Líderes da oposição pediram investigação exaustiva e alertaram para a gravidade dos acontecimentos. O candidato a presidente, Sergio Massa, da Frente Renovadora, pediu a suspensão do acordo firmado com o Irã em janeiro de 2013 e que, segundo Nisman, incluía acobertar terroristas iranianos.
Após oito anos de investigações, Nisman denunciou a presidenta na quarta-feira (14), por considerar que o memorando de entendimento aprovado em janeiro de 2013 com o Irã incluía acobertar os suspeitos dos atentados ao centro judaico, em troca de relações comerciais e petróleo, no momento em que a Argentina enfrenta uma crise energética.
Além das manifestações no meio político, o trabalho do procurador foi reconhecido nas ruas das principais cidades do país, onde milhares de pessoas se juntaram para exigir verdade e justiça.
Na capital, milhares de argentinos concentraram-se na Plaza de Mayo – com cartazes onde se liam frases como "Sou Nisman", "Justiça para Nisman" ou "Somos todos Nisman" – e na residência presidencial.
A concentração em Buenos Aires atingiu o ponto máximo quando vários manifestantes tentaram saltar as cercas da Casa Rosada, deixando quatro feridos por inalação de gás de pimenta.