Conflito

Separatistas pró-russos se negam a negociar trégua com Kiev e anunciam ofensiva

Presidente russo Vladimir Putin acusou nesta sexta-feira as autoridades ucranianas de lançar uma grande operação militar contra os rebeldes pró-russos e de ser responsável por dezenas de mortes nos últimos dias no leste da Ucrânia

Da AFP
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Publicado em 23/01/2015 às 10:13
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O líder da república separatista pro-russa de Donetsk rejeitou nesta sexta-feira uma nova trégua com Kiev e afirmou que os rebeldes lançarão uma ofensiva em toda a região frente ao exército ucraniano. "Não haverá por nossa parte mais tentativas de falar de uma trégua" com as autoridades ucranianas, declarou o "presidente" da república autoproclamada de Donetsk, Alexandre Zakharchenko, citado pelas agências de notícias Interfax e Ria Novosti.

"Vamos lançar uma ofensiva em toda a região de Donetsk", completou. Na quinta-feira, o exército ucraniano perdeu o aeroporto de Donetsk, após vários meses de combates. Em Kiev, o secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa, Olexander Turchinov, acusou "grupos terroristas russos" de mover a ofensiva para o leste do país. "Grupos terroristas russos violaram todos os acordos [...], passam à ofensiva", declarou Turchinov durante uma reunião governamental. Completou que se tratava de "unidades regulares das forças armadas russas".

Putin

O presidente russo Vladimir Putin acusou nesta sexta-feira as autoridades ucranianas de lançar uma grande operação militar contra os rebeldes pró-russos e de ser responsável por dezenas de mortes nos últimos dias no leste da Ucrânia.

"As autoridades de Kiev deram a ordem oficial para lançar uma grande operação militar que cobre praticamente toda a linha de contato" entre as forças regulares e os rebeldes pró-russos, utilizando "artilharia e aviação" contra setores "populosos", declarou Putin em uma reunião do Conselho de Segurança russo.

"Eles usam artilharia, lança-foguetes e aeronaves, sem distinção" entre os rebeldes e civis, inclusive contra "áreas densamente povoadas", acusou o presidente russo.

"E tudo isso é acompanhado por slogans de propaganda sobre seu desejo de paz, bem como de buscas pelos responsáveis", disse ele. Mas "a responsabilidade é de quem dá essas ordens criminosas", ressaltou. Esta "operação" de Kiev resultou em "dezenas de mortos e feridos, não só entre soldados de ambos os lados, mas também, e isso é ainda mais trágicos, de civis", acrescentou.

O presidente russo também indicou ter escrito há uma semana uma carta a seu homólogo ucraniano Petro Poroshenko, propondo a retirada das armas pesadas a uma distância suficiente para evitar ataques a bairros residenciais.

"Infelizmente, não só não recebemos resposta distinta, mas temos visto ações totalmente contrárias" à proposta da Rússia, disse ele. Putin reiterou que só "negociações de paz e alavancas políticas" poderão resolver o conflito. "Espero que, em última análise, o bom senso prevaleça" em Kiev, acrescentou. Vladimir Putin e os membros do Conselho de Segurança da Rússia fizeram um minuto de silêncio em homenagem aos mortos nos últimos dias na Ucrânia.

Na quinta-feira, o leste da Ucrânia sofreu seu pior dia desde a assinatura, no início de setembro, de um acordo de cessar-fogo em Minsk entre os beligerantes. Pelo menos 40 pessoas, entre civis e soldados, morreram em 24 horas no leste, de acordo com uma contagem da AFP a partir de dados oficiais do exército ucraniano e das autoridades separatistas.

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