Autoridades do Afeganistão disseram nesta segunda (9) que um ataque de drone (veículo aéreo não tripulado) matou o principal recrutador da facção radical Estado Islâmico no país, Abdul Rauf.
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Segundo o vice-governador da província de Helmand (região sul afegã), Rauf -que ficou preso de 2001 a 2007 na base dos EUA em Guantánamo (Cuba)- estava em um veículo com outros insurgentes no distrito de Kajaki quando o carro foi atingido por um míssil disparado do drone.
Funcionários do governo americano relataram à agência Associated Press que ao todo oito pessoas morreram no ataque com o drone, ocorrido por volta das 13h20 locais (6h50 em Brasília), mas não confirmaram que o recrutador do EI estivesse entre elas.
A Otan (aliança militar ocidental), que tem uma nova missão atuando no Afeganistão desde janeiro deste ano, disse ter sido responsável pela ação sem, porém, confirmar que Rauf fosse um dos alvos.
EI E TALEBAN
Analistas veem a anunciada morte do recrutador como um golpe nos esforços para que o Estado Islâmico se estabeleça numa região instável e dominada por outro grupo radical islâmico, o Taleban.
Detido por seis anos em Guantánamo por seu envolvimento com o Taleban -ele era um dos comandantes do grupo na província de Herat e na capital afegã, Cabul-, Abdul Rauf teria "mudado de lado".
De acordo com o governo afegão, ele estaria recrutando insurgentes para o EI nas últimas semanas em "zonas inseguras" -termo usado para se referir às regiões do país onde não há controle do Estado.
Em janeiro, Rauf foi nomeado vice-líder do EI para a região de Khorasan, que inclui Afeganistão e partes do Paquistão e do Tadjiquistão. Líderes afegãos dizem que, sob seu comando, foram erguidas bandeiras negras do EI em cidades e aldeias de Helmand.
Um líder tribal da cidade de Sangin, Saifullah Sanginwal, disse à Associated Press que cerca de 20 pessoas morreram em confrontos recentes entre o EI e facções do Taleban.
Estima-se que o EI controle hoje um terço dos territórios da Síria e Iraque, onde autoproclamou um califado governado por uma interpretação radical da lei islâmica.
O grupo tornou-se notório por filmar e divulgar na internet as decapitações de reféns em seu poder. Recentemente, fez circular vídeo com o piloto jordaniano Muath al-Kaseasbeh sendo queimado vivo -a Jordânia integra a coalizão liderada pelos EUA que bombardeia posições do EI.
O Taliban, por sua vez, concentra-se no Afeganistão e no Paquistão. Autoridades dizem que o total de adeptos do EI nesses países é pequeno, e o grupo enfrenta resistência dos militantes mais estabelecidos, com ligações tribais fortes. O crescimento de uma "filial" do EI, porém, poderia desestabilizar ainda mais a região.