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EUA e Irã avançam em negociações sobre programa nuclear iraniano, mas restam pendências

Uma nova reunião será celebrada na próxima segunda-feira na Suíça

Da AFP
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Publicado em 23/02/2015 às 17:24
Foto: BRENDAN SMIALOWSKI  POOL / AFP
Uma nova reunião será celebrada na próxima segunda-feira na Suíça - FOTO: Foto: BRENDAN SMIALOWSKI POOL / AFP
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Foram registrados avanços, nesta segunda-feira, nas negociações sobre o controverso programa nuclear iraniano, mas ainda estão pendentes "temas difíceis", destacou nesta segunda-feira um alto funcionário americano que pediu para ter sua identidade preservada.

"As discussões foram sérias, úteis e construtivas. Fizemos alguns avanços, mas temos um longo caminho a percorrer", afirmou o funcionário. Mas "ainda estão pendentes temas difíceis", acrescentou.

Uma nova reunião será celebrada na próxima segunda-feira (2/3), também na Suíça, acrescentou a fonte.

"Uma reunião de dirigentes políticos será celebrada na segunda-feira", disse o funcionário americano, destacando que a reunião pode ser transferida de Genebra para Lausanne, por causa do Salão do Automóvel de Genebra.

As negociações avançaram, mas falta "ainda um longo caminho" antes do acordo final, afirmou o ministro iraniano de Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, após uma série de encontros com o secretário de Estado americano, John Kerry. 

Segundo o vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, citado pela TV estatal, ainda não foram abordadas questões-chave nas discussões".

"Ainda existe um abismo, as diferenças estão aí, todas as partes estão negociando com seriedade e determinação, mas não temos soluções para as questões-chave", afirmou Araghchi.

As negociações da próxima segunda-feira serão iniciadas entre americanos e iranianos e, depois, participarão representantes das grandes potências e da União Europeia.

O Irã e as grandes potências que formam o Grupo 5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha) tentam chegar a um acordo global que autorizaria certas atividades nucleares, mas impediria Teerã --que sempre negou o desenvolvimento de tecnologia nuclear-- de possuir a bomba atômica através de seu controvertido programa nuclear. Em troca, seriam suspensas as sanções internacionais que afetam a economia iraniana.

Em troca, as sanções internacionais que afetam a economia iraniana seriam suspensas progressivamente.

 

Teerã quer "decisões políticas"

"Em vários assuntos, as negociações têm abordado detalhes. Em certos casos, foram encontradas soluções e agora chegou o momento das decisões políticas. Por isso, são necessários os contatos de mais alto nível entre as duas partes", acrescentou Araghchi. O novo prazo para um acordo foi fixado em 31 de março.

Questionado sobre a presença em Genebra do secretário de Estado americano para a Energia, Ernest Moniz, que pela primeira vez participou nas negociações, John Kerry explicou que tinha sido convocado por razões "técnicas".

Mesmo com o acordo em relação ao calendário, a ideia é que se chegasse a um acerto político antes de 31 de março e as questões técnicas tendem a ser concluídas até 1º de julho. O governo iraniano cobra um único acordo que sirva tanto ao plano político como aos detalhes.

Kerry advertiu que o presidente Barack Obama não tem "intenções de estender estas conversações para além do período estabelecido".

Akbar Velayati, conselheiro diplomático do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, disse no sábado que "se os líderes norte-americanos não querem negociar, é problema deles, mas eles eram os primeiros interessados nas negociações".

Um dos pontos-chave será a quantidade de urânio que o Irã poderá enriquecer, bem como o número e o tipo de centrifugadoras que terá à disposição.

As negociações se complicaram após a interferência de negociadores linha-dura, tanto do Irã como dos Estados Unidos, mas também pelas pressões de Israel, que se opõe a este acordo.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu destacou que na próxima semana viajará para os EUA para "expor diante do Congresso por que este acordo é perigoso para Israel, a região e o mundo inteiro".

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