Refugiados

Afegã dos olhos verdes da capa da National Geographic é acusada de fraude

Em abril de 2014, Gula deu entrada no pedido para obtenção da identidade paquistanesa, na cidade de Peshawar, a noroeste da capital Islamabad, com o nome de Sharbat Bibi

Da AFP
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Publicado em 25/02/2015 às 11:59
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Autoridades paquistanesas descobriram que a famosa "moça afegã dos olhos verdes", imortalizada numa capa da revista National Geographic em 1985, está vivendo no país com identidade falsa.

A imagem perturbadora de Sharbat Gula quando tinha 12 anos, feita pelo fotógrafo Steve McCurry em um campo de refugiados, se tornou a capa mais conhecida na história da revista.

Passados 17 anos de buscas, McCurry a encontrou num vilarejo remoto no Afeganistão. Gula vivia com o marido e três filhas.

Em abril de 2014, Gula deu entrada no pedido para obtenção da identidade paquistanesa, na cidade de Peshawar, a noroeste da capital Islamabad, com o nome de Sharbat Bibi.

Ela foi um dos milhares de refugiados afegãos que conseguiram driblar o sistema informatizado do país, conseguindo a cidadania paquistanesa no ano passado.

O porta-voz na Autoridade Nacional de Documentação e Registro (NADRA, na sigla em inglês) contou à AFP que o caso dela está a cargo da Agência Federal de Investigação (FIA).

"Nosso departamento detectou o caso de Sharbat Bibi em agosto de 2014 e no mesmo mês o enviou à FIA, a fim de que se prosseguisse com as investigações. Aguardamos as conclusões do inquérito", disse o funcionário Faik Ali Chachar.

Segundo ele, muitos refugiados afegãos obtêm carteiras de identidade paquistanesas usando documentos falsos.

"Por volta de 23 mil identidades de refugiados afegãos foram descobertas e canceladas, nos 12 anos em que existe a NADRA".

A foto anexada ao pedido de cidadania paquistanesa tem os mesmos olhos penetrantes, e o rosto aparece como na célebre imagem captada por McCurry, embora Gula esteja mais velha e com o cabelo todo coberto por um hijab preto.

Um repórter da AFP visitou o bairro indicado por Sharbat Gula em seus documentos pessoais. Alguns dos vizinhos disseram que ela vivia com o marido, mas foi embora há um mês.

Um homem que trabalha no escritório da NADRA disse que todos os documentos usados por ela, destinados apenas a cidadãos paquistaneses, eram falsos. 

Rauf Khan e Wali Khan, identificados como seus "filhos", não têm qualquer parentesco com Gula.

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