Em discurso de abertura das atividades legislativa neste domingo (1), a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, defendeu a conduta de seu governo no caso Amia, o atentado à Associação Mutual Israelita Argentina, que matou 85 pessoas em 1994.
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"Falo de Amia desde 1994 e seguirei falando na ONU (Organização das Nações Unidas) e pedindo justiça", disse.
Cristina falou do caso após quase três horas de discurso como resposta aos cartazes exibidos por alguns parlamentares, pedindo um posicionamento da presidente sobre o episódio.
Ao defender a postura de sua gestão no caso, a presidente argentina foi ovacionada pela maior parte dos congressistas e pela multidão de apoiadores que acompanhavam o discurso do lado de fora do Congresso. Os parlamentares cantaram e gritaram frases de apoio.
Cristina lamentou a morte do promotor Alberto Nisman, autor da denúncia criminal que acusou a presidente argentina de ajudar a acobertar iranianos suspeitos de causar o atentado à Amia. A denúncia acabou sendo rejeitada pela Justiça.
"Lamento a morte de Nisman como a de qualquer ser humano", disse.
Ela afirmou que a denúncia carecia de provas que a sustentassem e, por isso, não era justiça mas "um escândalo para todos os argentinos". Cristina afirmou ainda que Nisman reconheceu seu esforço em denunciar o caso no Conselho de Segurança da ONU.
"Com que Nisman eu fico? O que me acusa de acobertar ou o que se dirige a mim reconhecendo tudo o que fizemos?", disse.
Para Cristina, o acaso Amia segue sendo parte "do tabuleiro político nacional e internacional". Ela acusou Israel de cobrar uma solução para o caso e não ter a mesma postura em relação ao atentado à embaixada do país que ocorreu dois anos antes na Argentina e matou 29 pessoas.
Disse ainda que a demora em julgar o episódio de acobertamento dos culpados do caso Amia se deve à Justiça e não à conduta de seu governo.
"Se há demora, olhem para outro lado, não para este", disse. Na plateia, estava Ricardo Lorenzetti, presidente da Corte Suprema de Justiça argentina.
PAPEL PICADO
O discurso, chamado "Estado da Nação", é o oitavo e último feito por Cristina. Em outubro, haverá eleições e, em dezembro, terminará o seu mandato.
Cristina transformou o evento em um ato político. A presidente argentina falou por quase quatro horas.
Após listar alguns números que indicavam melhora na economia e na qualidade de vida da população, Cristina terminou seu discurso dizendo que não deixava um país "cômodo" para o próximo dirigente, mas "cômodo para as pessoas".
Foi novamente ovacionado enquanto uma chuva de papel picado caía sob os congressistas.