Assassinato

Milhares de pessoas dão adeus ao opositor assassinado na Rússia

Nemtsov recebeu vários tiros antes da meia-noite de sexta-feira quando caminhava por uma ponte próxima do Kremlin ao lado de sua companheira

Da AFP
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Publicado em 03/03/2015 às 11:58
Foto: OLGA MALTSEVA / AFP
Nemtsov recebeu vários tiros antes da meia-noite de sexta-feira quando caminhava por uma ponte próxima do Kremlin ao lado de sua companheira - FOTO: Foto: OLGA MALTSEVA / AFP
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Milhares de pessoas compareceram nesta terça-feira ao Centro Sakharov de Moscou para o funeral do opositor russo Boris Nemtsov, assassinado na sexta-feira passada na capital russa, na última homenagem antes do sepultamento em um cemitério moscovita.

Ao fim da homenagem a Nemtsov no museu consagrado ao prêmio Nobel da Paz Andrei Sakharov, o cortejo fúnebre partiria em direção ao cemitério Troiekurovkoie de Moscou.

O assassinato de Nemtsov, ex-vice-premier de Boris Yeltsin, grande opositor do presidente Vladimir Putin e um ativista do combate à corrupção, provocou uma onda de agitação na Rússia e foi condenado pela comunidade internacional.

Várias personalidades visitaram o local, como o embaixador dos Estados Unidos, John Tefft, o ex-primeiro-ministro britânico John Major, assim como Mikhail Kasynov, ex-premier de Vladimir Putin, e a viúva de Yeltsin.

O presidente Putin não compareceu, mas enviou um representante, enquanto o primeiro-ministro Dmitri Medvedev enviou uma coroa de flores.

Vários membros do governo estavam presentes no Centro Sakharov, entre eles os vice-primeiros-ministros Arkadi Dvorkovich e Serguei Prijodko.

A Rússia vetou a entrada no país da eurodeputada Sandra Kalniete (Letônia) e do presidente do Senado polonês, Bogdan Borusewicz, que desejavam comparecer ao funeral de Nemtsov. 

A União Europeia (UE) considerou que a decisão de Moscou foi tomada por "razões aparentemente arbitrárias". A porta-voz do serviço diplomático europeu, Maja Kocijanicic, a chamou de "uma clara violação dos princípios básicos".

Como determina a tradição ortodoxa, a mãe do político assassinado e seus filhos permaneceram sentados diante do caixão aberto, pelo qual passaram anônimos e personalidades.

"Viemos porque nos sentimos envergonhados por nosso país, nossa população, por permitir que algo assim aconteça", afirmou Dmitri Afanasiev. 

"É culpa de Putin, mas também é nossa", completou o morador de Moscou.

"É um choque. O sistema o matou", disse outro moscovita, Vladimir Shlamin. 

O ativista de defesa dos direitos humanos Sergei Kovalev afirmou que é óbvio quem inspirou o assassinato de um dos críticos mais ferrenhos da interferência de Moscou na Ucrânia. 

"Nós o assistimos todos os dias na televisão", completou, em uma referência de maneira implícita a Putin e seus aliados.

Nemtsov recebeu vários tiros antes da meia-noite de sexta-feira quando caminhava por uma ponte próxima do Kremlin ao lado de sua companheira, a modelo ucraniana Ganna Duritska.

Putin disse que a morte de Nemtsov foi um "assassinato por encomenda" e foi uma "provocação". Ele prometeu fazer todos os esforços para encontrar os responsáveis pelo crime. 

Familiares e amigos de Nemtsov destacaram que ele estava preparando um relatório sobre a presença de soldados russos no leste da Ucrânia, enquanto Moscou nega qualquer envolvimento de sua tropas ao lado dos separatista. O opositor havia confessado que temia ser assassinado na Rússia.

O presidente ucraniano Petro Poroshenko condecorou de forma póstuma Nemtsov com a Ordem da Liberdade.

"Para os ucranianos, Boris será para sempre um patriota russo e um amigo da Ucrânia. Ele provou com sua vida que é possível ser as duas coisas". 

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