O governo da Argentina publicou um anúncio nos jornais nesta quarta-feira (4), em mais uma tentativa de ressaltar o que considera ser contradições nas acusações feitas pelo promotor Alberto Nisman, encontrado morto há mais de um mês.
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No comunicado, de página inteira, o governo afirma que, rejeitada a denúncia, "cabe perguntar qual objetivo perseguia o promotor Nisman com sua denúncia repleta de contradições, carência lógica e sustentação jurídica."
"Pode-se pensar numa hipótese diferente que não seja a tentativa de gerar um efeito político desestabilizador?", questiona a nota.
Nisman acusava o governo de tentar encobrir supostos envolvidos iranianos no atentado à entidade judaica Amia, em 1994. Em troca, negociava com o Irã vantagens comerciais, para comprar petróleo mais barato e vender grãos.
A denúncia de Nisman se baseava em um memorando de entendimentos, firmado pelo governo da Argentina com o Irã, em 2013. O acordo foi criticado por lideranças judaicas no país.
A versão do governo argentino é que buscava, por meio desse convênio, interrogar os suspeitos iranianos em seu país. Mas a Justiça iraniana vetou o acordo, porque não os considerava suspeitos. Na Argentina, a tratativa acertada pelos dois países foi vista com desconfiança.
Se não teria êxito em interrogar os suspeitos, quais vantagens teria a Argentina em fazer um acordo com o Irã? Nisman investigava uma suposta vantagem econômica, para reduzir o estrangulamento externo do país.
A Argentina não pode tomar dívida no mercado internacional enquanto não resolver o pagamento aos credores do calote de 2001. E suas importações de combustíveis aumentaram muito nos últimos anos, em razão de incentivos ao consumo dados pelo governo.
O governo argentino nega esse interesse. No anúncio, reafirma que o objetivo era tentar interrogar os suspeitos.
"[O memorando] colocaria o Estado argentino em um melhor contexto frente ao Irã e à comunidade internacional para exigir a extradição ou ao menos negociar um julgamento em um terceiro país".
Para a comunidade judaica, com a tentativa de acordo, a Argentina sinalizou fraqueza e complacência com os suspeitos e não aceita o acordo.
A denúncia de Nisman foi rejeitada pela Justiça na semana passada. Mas o promotor que o substituiu na causa pode apresentar um recurso e seguir com a investigação. A data limite é essa quinta (5).