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Rússia detém ao todo cinco suspeitos pela morte de opositor Nemtsov

O assassinato de Boris Nemtsov, um dos principais opositores do presidente Vladimir Putin e conhecido por seu combate à corrupção, provocou comoção no país

Da AFP
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Publicado em 08/03/2015 às 12:31
Foto: PETRAS MALUKAS / AFP
O assassinato de Boris Nemtsov, um dos principais opositores do presidente Vladimir Putin e conhecido por seu combate à corrupção, provocou comoção no país - FOTO: Foto: PETRAS MALUKAS / AFP
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A polícia russa anunciou neste domingo que mantém sob sua custódia cinco suspeitos por possível envolvimento no assassinato do opositor Boris Nemtsov, ocorrido em 27 de fevereiro perto do Kremlin.

Um dos dois homens detidos na manhã deste domingo é o irmão mais novo de Anzor Gubashev, cuja detenção junto a Zaur Dadayev foi anunciada no sábado, de acordo com Albert Barakhoyev, secretário do Conselho de Segurança da república russa da Inguchétia.

Os dois suspeitos foram presos na Inguchétia, mas nasceram na Chechênia, no Cáucaso.

O quinto detido não teve a sua identidade revelada e não há informações sobre a ação que levou a sua captura. Um porta-voz da Comissão de Investigação, Vladimir Markine, se limitou a indicar em seu Twitter que a comissão havia pedido a um tribunal de Moscou que confirmasse "a prisão de cinco pessoas ligadas ao assassinato de Boris Nemtsov. A investigação continua".

As duas primeiras prisões foram anunciada no sábado pelo chefe do FSB (Serviço Federal de Segurança), Alexander Bortnikov.

De acordo com a agência de notícias RIA Novosti, Dadayev foi vice-comandante de um batalhão do ministério do Interior da Chechênia.

Por sua vez, Gubashev trabalhava para uma empresa de segurança privada, em Moscou.

O assassinato de Boris Nemtsov, um dos principais opositores do presidente Vladimir Putin e conhecido por seu combate à corrupção, provocou comoção no país.

As prisões ocorrem pouco mais de uma semana depois do crime contra o opositor, ex-vice-primeiro-ministro do ex-presidente Boris Yeltsin.

Nemtsov recebeu quatro tiros nas costas, enquanto caminhava com sua namorada em uma ponte no centro de Moscou, perto do Kremlin e da Praça Vermelha.

Em princípio, os suspeitos devem ser levados a um tribunal de Moscou ainda nesta domingo, segundo indicou uma porta-voz da justiça, Anna Fadayeva.

Os investigadores não forneceram nenhuma indicação sobre qual teria sido a motivação para o assassinato, mas sugeriram que Nemtsov foi executado para desestabilizar a Rússia.

Os investigadores não descartam nenhuma hipótese: de crime político à pista islamita, pelo apoio de Nemtsov à revista satírica francesa Charlie Hebdo, ou até mesmo um assassinato ligado ao conflito ucraniano executado por "elementos radicais".

'Motivos políticos'

O crime ocorreu em uma área geralmente bem vigiada pelas forças de segurança, devido a sua proximidade com o Kremlin, e provocou uma onda de agitação na Rússia e recebeu condenação internacional.

Amigos do opositor, que tinha 55 anos, dizem que ele foi morto por ordem de altos funcionários do governo para silenciar a dissidência.

Já a filha de Nemtsov, Zhanna Nemtsova, assegurou em uma entrevista à CNN que o assassinato era, obviamente, por "razões políticas".

"Em um regime autoritário, qualquer pessoa que discorde dos políticos, que critica a visão oficial, é perigosa", disse ela.

Parentes e amigos de Nemtsov revelaram que o opositor estava preparando um relatório sobre a presença de tropas russas no leste da Ucrânia, enquanto Moscou nega qualquer envolvimento de suas tropas ao lado dos separatistas.

O opositor havia confessado recentemente que temia ser morto na Rússia.

Putin chamou o assassinado de "provocação" para desestabilizar a Rússia e prometeu que os responsáveis serão julgados.

Muitos russos acreditam que, embora não esteja diretamente envolvido no assassinato, Putin é responsável por propagar o ódio contra a oposição, chamando-a muitas vezes de "quinta coluna", traidores e espiões, uma mensagem amplamente difundida pelos meios de comunicação do governo.

O presidente russo utilizou pela primeira vez esta expressão após a anexação da península ucraniana da Crimeia, no ano passado.

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