Dois projetos de lei para estimular a natalidade no Irã correm o risco de reduzir as mulheres a "máquinas de procriar", denunciou nesta quarta-feira a Anistia Internacional (AI).
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O projeto de lei sobre a população e a exaltação da família, que será examinado pelo Parlamento, tornará mais difícil o acesso ao emprego para as mulheres que não podem ou não querem ter filhos, destaca um relatório da AI.
O texto prevê a obrigação para algumas empresas de priorizar a contratação, para alguns postos chave, dos pais de família, seguidos por homens casados sem filhos e apenas depois as mães de família.
Também complicaria os procedimentos de divórcio e limitaria a ação da polícia e da justiça nos conflitos familiares, com o risco de aumentar a violência doméstica.
Outro texto, com o objetivo de "impedir a queda da população", pretende proibir a esterilização e bloquear o acesso à informação e aos métodos contraceptivos.
O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, pediu no ano passado medidas para aumentar a taxa de natalidade e dobrar a população, atualmente de 77 milhões, nos próximos 50 anos.
No Irã, as estudantes são maioria nas universidades, mas apenas 10% da população ativa feminina trabalha, segundo as estatísticas oficiais.
Hasiba Hadj Sahraui, diretora adjunta da AI para o Oriente Médio e a África do Norte, pediu a retirada dos projetos de lei e a alocação de recursos para "garantir um planejamento familiar de qualidade".