Sobreviventes e parentes das vítimas do atentado contra a embaixada de Israel em Buenos Aires pediram nesta terça-feira justiça na capital argentina, 23 anos após o ataque que deixou 29 motos e 200 feridos.
Leia Também
"O terrorismo mata um pouco a todos nós. Vinte e três anos da chegada do terrorismo na Argentina", dizia um cartaz exibido no local onde funcionava a sede diplomática atacada em 1992, no bairro do Retiro.
Quase uma centena de pessoas participaram ali de um ato onde foram lidos os nomes dos mortos no atentado, que continua impune mais de duas décadas depois.
"Este dia representa para mim reviver a dor da queda de uma filha que há 23 anos não está mais aqui. E essa é a realidade, sentimos a mesma dor do primeiro dia. Cada vez aumentada pela passagem do tempo e pela injustiça de não sabermos exatamente porque isto ocorreu", declarou à AFP Carlos Susevich, de 91 anos, pai de uma das vítimas.
Na cerimônia não houve representante oficial da embaixada de Israel, que anunciou a realização de um ato comemorativo no local na próxima quinta-feira, onde estarão presentes funcionários do governo israelense.
O adiamento se deveu à celebração das eleições gerais nesta terça-feira em Israel.
A investigação do atentado está na Suprema Corte por se tratar de um ataque a um território estrangeiro, porém mais de duas décadas depois, não há resultados que permitam encontrar os culpados.
"Tenho mais perguntas do que palavras", disse Jorge Cohen, um dos oradores e sobrevivente da tragédia, cercado de parentes das vítimas na praça localizada no local onde ficava a sede diplomática.
O vigésimo terceiro aniversário do atentado ocorre semanas depois da interpelação que a presidente argentina, Cristina Kirchner, fez à Suprema Corte, durante seu discurso anual ao Congresso com relação à falta de resultados da investigação.
Em resposta, o presidente da corte, Ricardo Lorenzetti, alegou que a causa é "coisa julgada" desde 1999, quando o ataque foi atribuído ao grupo islâmico Hezbollah.
Aquela resolução não explica porque os supostos responsáveis lançaram um ataque que afetou argentinos a milhares de quilômetros da zona de conflito no Oriente Médio.
Mas o ex-ministro da corte, Antonio Belluscio, que assinou a sentença, esclareceu que "não havia nenhum elemento, nada em 1999, mas se determinou continuar com a investigação".
Em 2006, a Corte ratificou os pedidos de captura internacional contra dois acusados, um deles o libanês Imad Mughniyah, que teria morrido em 2008, em Damasco.