Violência

Tunísia comemora independência em luto por atentado a museu

Presidente Beji Caid Essebsi deve fazer um novo pronunciamento à nação por ocasião do 59º aniversário da independência

Da AFP
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Publicado em 20/03/2015 às 12:50
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Presidente Beji Caid Essebsi deve fazer um novo pronunciamento à nação por ocasião do 59º aniversário da independência - FOTO: Foto: AFP
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A Tunísia comemora nesta sexta-feira sua independência dois dias após o ataque, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico, contra turistas no Museu do Bardo em Túnis, que enlutou o país.

O presidente Beji Caid Essebsi deve fazer um novo pronunciamento à nação por ocasião do 59º aniversário da independência após prometer uma luta "sem piedade contra o terrorismo" na quinta-feira.

De acordo com jornalistas da AFP, centenas de pessoas protestaram "contra o terrorismo" nesta manhã no centro de Túnis e algumas centenas na ilha de Djerba (sul), uma das principais cidades turísticas, enquanto o ataque contra o mais prestigiado museu do país foi um golpe para o turismo.

O ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, que deve ser recebido pelo presidente Essebsi, afirmou em sua chegada em Túnis que "é necessário que todos aqueles que procuram alcançar (...) nossos valores de liberdade, tolerância e coexistência sabem que estaremos juntos na luta contra todas as formas de barbárie e terrorismo".

Reivindicado por EI, o ataque sem precedentes desde a revolução de janeiro de 2011, custou a vida de 20 turistas estrangeiros e de um policial tunisiano. Um terceiro francês foi identificado e a identidade de três das 20 vítimas ainda precisa ser determinada, de acordo com o ministério da Saúde da Tunísia.

'Células adormecidas'

Os dois autores do atentado, que dispararam contra as vítimas com kalachnikov, treinaram o manejo de armas na Líbia, segundo afirmou nesta sexta-feira o secretário de Estado tunisiano encarregado de assuntos de segurança, Rafik Chelly.

Segundo ele, são "dois elementos extremistas salafistas takfiris. Saíram ilegalmente do país em dezembro para ir à Líbia, e se formaram no manejo de armas na Líbia" para depois retornar à Tunísia, declarou Rafik Chelly na noite de quinta-feira à rede de televisão privada AlHiwar Ettounsi.

O termo "takfiri" significa literalmente "aquele que lança condenações" contra as pessoas que não compartilham suas crenças, mas é em geral utilizado para designar os grupos jihadistas ou islamitas radicais sunitas.

Na quinta-feira, as autoridades tunisianas identificaram os dois criminosos como Yassine Abidi e Hatem Khachnaoui. Os dois homens eram elementos suspeitos, integrantes do que é conhecido como "células adormecidas, formadas por elementos presentes em cidades, e conhecidos", explicou o secretário de Estado.

Chelly declarou que Yassine Abidi havia sido detido antes de partir para a Líbia, sem fornecer mais detalhes.

A AFP apurou nesta sexta-feira junto a polícia e a família do outro agressor, Jabeur Khachnaoui, que o pai, os dois irmãos e a irmã dele foram detidos. Mas não foi possível verificar se fazem parte do grupo de nove suspeitos detidos anunciados ontem pelas autoridades. Ao reivindicar o atentado na quinta em uma mensagem de áudio, o EI ameaçou a Túnisia de novos ataques. 

'Falhas'

Respondendo a perguntas sobre um possível retorno ao autoritarismo que poderia conduzir a luta contra o terrorismo, o presidente Essebsi assegurou na quinta-feira que "o processo de implementação do sistema democrático já está em vigor, bem ancorado... não haverá jamais movimento de retorno".

Ele também saudou "a prontidão com que as forças de segurança foram enviados para o local."

"Nós conseguimos, graças às forças especiais, uma intervenção rápida das brigadas, evitar uma catástrofe, porque no momento do ataque cerca de 300 pessoas estavam no museu", acrescentou o ministro interior Najem Gharsalli.

Mas, ao mesmo tempo, o chefe de governo reconheceu "falhas em todo o sistema de segurança", mas o chefe de Estado, Beji Caid Essebsi, elogiou "a prontidão com a qual as forças de ordem (se dirigiram) ao local evitando uma catástrofe".

E o vice-presidente da Assembleia, Abdelfattah Mourou, garantiu nesta sexta que os guardas do Parlamento da Tunísia, localizado ao lado do Museu do Bardo, estavam em um café quando o ataque ocorreu.

Na quarta-feira, quando o ataque ocorreu, "não havia polícia ao redor do Parlamento nem do museu", afirmou à AFP Mourou, que também é co-fundador do partido islamita Ennahda.

"Sou o primeiro vice-presidente, e soube (na quarta-feira) que só havia quatro policiais para garantir a segurança do Parlamento e que dois deles estavam no café. O terceiro estava lanchando e o quarto não se apresentou", exclamou. "É uma grande falha", denunciou Mourou.

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