Atualizada às 12h48
A segunda caixa-preta do avião da Germanwings confirma que o copiloto, Andreas Lubitz, aumentou de forma voluntária a velocidade de descida antes de lançar a aeronave contra os Alpes franceses com 150 pessoas a bordo.
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"O piloto presente na cabine utilizou o piloto automático para realizar a descida a uma altitude de 100 pés (30 metros) e depois, várias vezes durante a descida, modificou o piloto automático para aumentar a velocidade do avião em descida", indicou nesta sexta-feira o Escritório de Investigações e Análises da aviação civil francesa (BEA).
A análise da primeira caixa-preta, que registra as conversas e os ruídos na cabine, encontrada pouco depois da catástrofe, levantou suspeitas de que Lubitz decidiu se suicidar e arrastar com ele para a morte as outras 149 pessoas que estavam no avião.
O BEA não fornece elementos suplementares, mas informa que seus "trabalhos prosseguem para estabelecer o desenvolvimento factual preciso do voo".
Como uma caixa de sapatos
Os gendarmes franceses encarregados das operações de busca no local do acidente, ocorrido em 24 de março, encontraram na quinta-feira a segunda caixa-preta, Flight Data Recorder (FDR), que contém os parâmetros de voo.
"Foi enviada à sede do BEA ontem (quinta-feira) à noite" e as equipes da instituição "começaram as operações de abertura assim que chegou", afirma o comunicado.
Esta caixa contém 500 parâmetros, entre eles a velocidade, a altitude e o regime do motor do avião, declarou o promotor a cargo da investigação, Brice Robin, em uma coletiva de imprensa em Marselha (sul).
O dispositivo, do tamanho de uma caixa de sapatos, "estava no fundo de um barranco profundo", segundo a gendarmaria.
Na Alemanha, a justiça indicou que Andreas Lubitz, de 27 anos e depressivo, pesquisou sobre as portas blindadas dos aviões nos dias anteriores ao voo.
"Ele se informou sobre maneiras de se suicidar e sobre as portas de cabine de pilotos e suas medidas de segurança", indicou a promotoria de Dusseldorf, responsável pela parte alemã da investigação.
A gendarmaria francesa indicou na terça-feira que não há mais corpos na zona do acidente e que a retirada dos restos humanos terminou. O trabalho das equipes consistirá agora em "recuperar os objetos pessoais" dos passageiros, declarou.
As autoridades francesas prometeram uma rápida análise dos restos das vítimas com base em exames de DNA. No entanto, serão necessárias entre três e cinco semanas para terminar as identificações, segundo o promotor francês, ressaltando que "150 perfis de DNA foram isolados".
Esta catástrofe levou muitas companhias aéreas a instaurar uma obrigação de permanência de ao menos duas pessoas na cabine durante os voos. O A320 da companhia alemã, que voava de Barcelona a Dusseldorf, caiu em 24 de março nos Alpes franceses. Morreram as 150 pessoas que estavam a bordo, de 20 nacionalidades distintas, principalmente alemãs e espanholas.
Para enfrentar os possíveis pedidos de indenização das famílias, o consórcio de seguros da companhia forneceu 300 milhões de dólares, indicou a Lufthansa, casa matriz da Germanwings.