Guerra civil

Operação 'Tempestade Decisiva' no Iêmen

Os ataques afetaram todas as regiões do país, incluindo Sanaa, a capital, Áden, no sul, e Saada, reduto dos huthis no norte

Da AFP
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Publicado em 08/04/2015 às 16:20
Foto: SALEH AL-OBEIDI / AFP
Os ataques afetaram todas as regiões do país, incluindo Sanaa, a capital, Áden, no sul, e Saada, reduto dos huthis no norte - FOTO: Foto: SALEH AL-OBEIDI / AFP
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A operação militar "Tempestade Decisiva", liderada pela Arábia Saudita no Iêmen, entra na quinta-feira (9) em sua terceira semana, mas começam a aflorar dúvidas sobre sua capacidade de enfraquecer os rebeldes xiitas, o principal alvo dos ataques aéreos.

Os resultados da operação

A operação começou em 26 de março e é realizada por uma coalizão de nove países dirigida pela Arábia Saudita. Segundo Riad, foram destruídos até agora boa parte da defesa antiaérea e dos mísseis balísticos dos rebeldes huthis, aliados dos militares que continuam sendo fiéis ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh.

Os ataques afetaram todas as regiões do país, incluindo Sanaa, a capital, Áden, no sul, e Saada, reduto dos huthis no norte.

Os alvos principais foram os depósitos de armamento e as rotas de abastecimento dos rebeldes, segundo Ahmed Assiri, o porta-voz da coalizão.

No entanto, os bombardeios não impediram os huthis de entrar em Áden, palco de violentos combates.

Segundo um diplomata ocidental, os bombardeios "serviram, sem dúvida, para evitar um ataque dos huthis contra o território saudita, como aconteceu em 2009", quando ocorreu uma incursão de rebeldes xiitas no sul da Arábia Saudita, um país sunita.

 

O estado das forças huthis

Embora os huthis e seus aliados tenham perdido uma parte de suas capacidades militares, seguem resistindo, misturando-se à população civil, segundo os especialistas.

Em Áden e sua região enfrentam uma coalizão heterogênea formada por unidades do exército e comitês populares que seguem sendo fiéis ao presidente Abd Rabo Mansur Hadi, refugiado em Riad, e por combatentes do Movimento Sudista, formado por autonomistas e secessionistas.

No sul e no centro do Iêmen os rebeldes xiitas são alvos de ataques por parte das tribos sunitas e às vezes por membros da Al-Qaeda.

A rede jihadista também aproveitou o caos no país para tomar o controle de uma cidade importante do sudeste, Mukalla, capital da província de Hadramut.

 

O balanço de vítimas

Embora se desconheça o número de rebeldes mortos pela ofensiva, as vítimas civis não param de aumentar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 540 pessoas morreram e 1.700 ficaram feridas entre 19 de março e 6 de abril, em sua maioria civis.

Por sua vez, a Unicef indicou que 74 crianças morreram desde 26 de março, que um milhão não vão à escola e que há 100.000 crianças deslocadas pelo conflito.

A população deste país, considerado o mais pobre da península arábica e um dos mais pobres do mundo, também sofre com cortes de eletricidade, problemas de fornecimento e falta de água, que pode provocar doenças.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) tenta sem sucesso há vários dias levar remédios e medicamentos às zonas afetadas pelo conflito.

 

A saída do conflito

A coalizão afirma que a finalidade da opressão é restabelecer o presidente legítimo expulso pelos huthis, impor aos rebeldes o fim dos combates, fazer com que devolvam as armas roubadas e evacuem as zonas e os edifícios público que ocupam.

Mas, segundo um responsável do Golfo, a campanha pode levar semanas ou até mesmo seis meses.

A Arábia Saudita mobilizou 150.000 homens em sua fronteira com o Iêmen, mas segue sem esclarecer se está disposta a realizar uma intervenção terrestre, que seria muito arriscada.

Por sua vez, os sócios da Arábia Saudita no Golfo Pérsico são favoráveis a sanções da ONU contra os líderes huthis e o filho do ex-presidente Saleh, enquanto países como Turquia (favorável à Arábia Saudita) e Irã (que apoia os huthis) pedem o fim do conflito, embora sem explicar de que maneira.

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