Grupos extremistas como o Estado Islâmico e o Boko Haram estão recorrendo cada vez mais ao estupro e à violência sexual como tática de guerra, alerta um informe anual publicado nesta segunda-feira (13).
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O ano de 2014 "foi marcado por tormentosos registros de estupro, escravidão sexual e casamentos forçados, usados por grupos extremistas, inclusive como tática de terror", declarou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, no relatório.
O informe revelou que ataques sexuais em Iraque, Síria e Nigéria não foram um incidente, mas são atos "totalmente vinculados a objetivos estratégicos, à ideologia e ao financiamento de grupos extremistas".
O estupro e outras formas de violência sexual estão sendo usadas para implementar o recrutamento, para aterrorizar as populações, deslocar comunidades e gerar renda, através do tráfico sexual, o comércio de escravas e pedidos de resgate.
Esta violência tem particularmente como alvo mulheres e meninas da comunidade yazidi, a maioria com idades entre 8 e 35 anos, acrescentou o documento, destacando que o EI "utiliza como estratégia de recrutamento a promessa de dar aos seus membros uma mulher ou uma menina".
O Estado Islâmico e o Boko Haram estavam entre os 13 grupos incluídos em uma lista da ONU de facções que recorrem à violência sexual como forma de atrair maior atenção internacional para estes conflitos.
No total, 45 grupos estão listados, incluindo 12 facções rebeldes da República Democrática do Congo e 5 grupos do Sudão, inclusive o serviço de polícia nacional.
O relatório foi publicado na véspera do aniversário do sequestro de mais de 200 meninas de Chibok, no norte da Nigéria, pelo Boko Haram, um ato descrito como "um dos episódios mais alarmantes de 2014".
"Casamentos forçados, escravidão e a 'venda' de mulheres e meninas sequestradas são centrais ao modus operandi e ideologia do Boko Haram", acrescentou o informe.
No Iraque, a tomada de Mossul pelo Estado Islâmico, em julho, levou a informes de escravidão sexual de mulheres jovens, sobretudo da minoria cristã yazidi, vendidas como escravas em mercados abertos ou dadas como presente a combatentes do EI, acrescentou o relatório.
Nos últimos meses, a ONU estima que cerca de 1.500 civis tenham sido "submetidas à escravidão sexual" no Iraque.