Imigração

ONU estima que 700 imigrantes morreram em novo naufrágio no Mediterrâneo

Nas últimas duas semanas, dois acidentes semelhantes no Mediterrâneo deixaram cerca de 450 mortos

Da AFP
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Publicado em 19/04/2015 às 9:10
Foto: GUARDIA COSTIERA / AFP
Nas últimas duas semanas, dois acidentes semelhantes no Mediterrâneo deixaram cerca de 450 mortos - FOTO: Foto: GUARDIA COSTIERA / AFP
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Cerca de 700 imigrantes podem ter morrido no naufrágio de um barco ao largo da costa da Líbia neste domingo, um acidente que, caso confirmado, seria "a pior tragédia" ocorrida no Mediterrâneo, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). 

Diante desta nova tragédia, a União Europeia anunciou que iria realizar uma reunião de emergência com seus ministros do Interior e das Relações Exteriores, mas não especificou qualquer data específica.

O navio afundou a cerca de 110 km da costa levando mais de 700 pessoas a bordo, segundo explicaram 28 sobreviventes resgatados por um navio mercante, disse Carlotta Sami, porta-voz do Acnur na Itália, à rede de televisão italiana Rainews24. 

Se estes números forem confirmados, será "a pior tragédia jamais vista no Mediterrâneo", afirmou a porta-voz.

Os agentes de resgate "tentam encontrar sobreviventes entre os cadáveres flutuando na superfície do mar", afirmou o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, durante um comício político.

De acordo com a guarda costeira italiana, até agora foram recuperados 24 corpos. Embora ainda não esteja confirmado que a embarcação levava 700 pessoas a bordo, a Guarda Costeira disse em um comunicado que o navio de 20 metros de comprimento, tinha "capacidade para transportar várias centenas de pessoas".

Esta nova tragédia no Mediterrâneo se soma a dois outros naufrágios na semana passada, um dos quais deixou 400 mortos e outro mais de 40, segundo relatos de sobreviventes à Organização Internacional para as Migrações (OIM) e organizações não-governamentais. 

O navio lançou um aviso no domingo de manhã capturado pela guarda costeira italiana, que alertou um navio cargueiro português que estava na área.

Quando o cargueiro chegou, cerca de 220 km ao sul da ilha italiana de Lampedusa, a tripulação avistou o barco naufragando, segundo explicou a guarda costeira italiana. 

Mas as pessoas do navio em perigo correram todas para o mesmo lado, o que pode ter causado o desastre  - disse a porta-voz do Acnur. 

A Guarda Costeira italiana coordenou uma grande dispositivo de resgate de 17 navios das marinhas da Itália e de Malta principalmente, relatou a guarda costeira italiana e um porta-voz da marinha de Malta entrevistado pela AFP, explicando que o alarme foi dado em torno da meia-noite local (19h de Brasília). 

- "Homens e mulheres como nós" -

Do Vaticano, o Papa Francisco pediu que a comunidade internacional atue "de forma decisiva e rápida" para evitar novas catástrofes e lembrou que os migrantes são "homens e mulheres como nós, irmãos que buscam uma vida melhor".

Por sua parte, o presidente francês, François Hollande, pediu uma reunião urgente dos ministros das Relações Exteriores e da União Europeia para resolver a situação.

Com o agravamento da situação na Líbia e com a chegada do tempo quente para esta parte do Mediterrâneo, o fluxo de imigrantes que embarcam na costa da Líbia para tentar chegar a Europa continua a aumentar.

Diariamente, a guarda costeira italiana ou navios mercantes resgatam uma média de entre 500 e 1.000 pessoas. Mais de 11.000 foram resgatados em uma única semana, de acordo com a Guarda Costeira.

Várias organizações humanitárias internacionais têm denunciado nos últimos dias a inação das autoridades europeias.

"Uma operação Mare Nostrum europeia é necessária", criticou a porta-voz do Acnur. A operação de resgate de migrantes italiana Mare Nostrum foi substituída este ano pela operação Triton, uma operação de vigilância das fronteiras muito mais modesta. 

Mais de 900 migrantes morreram até agora este ano em sua jornada entre a Líbia e Itália, sem contar com esta nova tragédia, em comparação com menos de 50 que morreram no ano passado no mesmo período, quando a Mare Nostrum ainda estava em funcionamento, afirmaram esta semana organizações humanitárias.

A Itália, na linha de frente para a Líbia, de onde saem a maioria desses migrantes, também exige mais recursos. 

"A União Europeia é o maior superpotência econômica da atualidade e é impossível não possa consagrar pouco mais de três milhões de euros por mês para ajudar os migrantes", declarou nesta sexta-feira o ministro das Relações Exteriores italiano, Paolo Gentiloni.

Alemanha, Itália, França e Eslováquia tornado público na sexta-feira uma declaração conjunta assinada pelos ministros das Relações Exteriores para exigir uma solução "forte" a nível europeu.

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