Seis romancistas anunciaram que não irão ao evento da associação literária americana PEN em Nova York em protesto contra a cegueira da organização ante a arrogância cultural francesa ao dar seu prêmio à Charlie Hebdo.
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O jornal New York Times afirma que os escritores Peter Carey, Michael Ondaatje, Francine Prose, Teju Cole, Rachel Kushner e Taiye Selasi se retiraram da lista de convidados para o evento de 5 de maio após a decisão da PEN de entregar seu prêmio anual à valentia à revista satírica francesa.
Carey, um australiano ganhador em duas ocasiões do prestigiado Booker Prize, disse que a escolha da Charlie Hebdo rompe com o papel tradicional da PEN de proteger a liberdade de expressão contra a opressão governamental, segundo o NY Times.
"Foi cometido um crime atroz. Mas a PEN deve se ocupar deste tipo de liberdade de expressão?", disse o jornal citando um e-mail de Carey.
"Tudo isso se complica com a aparente cegueira da PEN ante a arrogância cultural da nação francesa, que não reconhece sua obrigação moral em relação a um amplo e desprotegido segmento de sua população", acrescentou.
O prêmio será entregue a um membro da equipe da Charlie Hebdo, Jean-Baptiste Thoret.
No dia 7 de janeiro um atentado jihadista na sede da revista francesa matou 12 pessoas, entre elas cinco chargistas. Thoret chegou tarde à reunião da redação no dia e por isso salvou sua vida.
"Ao pagar o preço mais alto pelo exercício de sua liberdade, e depois suportando a devastadora perda, a Charlie Hebdo merece ser reconhecida por sua coragem ante um dos mais perniciosos ataques à expressão na memória recente", disse recentemente a diretora-executiva do PEN, Suzanne Nossel, ao justificar a escolha.
Em uma resposta em seu blog, a PEN sustentou que lamentará não ver aqueles que optaram por não comparecer à cerimônia e que respeita suas convicções.