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Burundi enfrenta incerteza diante de golpe de Estado

Forças do general Niyombare controlam o aeroporto de Bujumbura e outros pontos da capital

Da AFP
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Publicado em 14/05/2015 às 7:07
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Forças do general Niyombare controlam o aeroporto de Bujumbura e outros pontos da capital - FOTO: Foto: AFP
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O chefe do Estado-Maior do Exército do Burundi, Prime Niyongabo, afirmou na madrugada desta quarta-feira que a tentativa de golpe de Estado contra o presidente Pierre Nkurunziza fracassou, o que foi desmentido imediatamente por oficiais rebelados.

"A tentativa de golpe de Estado liderada pelo general Godefroid Niyombare foi frustrada", disse Niyongabo em declaração transmitida pela Rádio Nacional.

Em seguida, o porta-voz dos militares rebelados afirmou que as forças do general Niyombare controlam o aeroporto de Bujumbura e outros pontos da capital.

Após semanas de protestos contra a decisão do presidente Nkurunziza de se apresentar a um terceiro mandato, considerado inconstitucional, nesta quarta-feira o general e ex-chefe do serviço de Inteligência Godefroid Niyombare anunciou a dissolução do governo.

O anúncio de Niyombare, uma figura muito respeitada, ocorreu horas após Nkurunziza viajar à Tanzânia para analisar com líderes regionais a crise no Burundi.

Segundo militares leais ao governo, o Palácio Presidencial permanece sob o controle das forças governamentais.

"As Forças Armadas fazem um apelo aos golpista para que se entreguem", disse o general Niyongabo em mensagem na rádio estatal.

Já o porta-voz dos militares rebelados, o comandante da polícia Venon Ndabaneze, afirmou à AFP que as forças do general Niyombare controlam vários pontos, incluindo o aeroporto.

"Esta mensagem não nos surpreende porque o general foi durante muito tempo um aliado das forças do mal", disse Ndabaneze, acrescentando que seus comandos não tomaram ainda a rádio estatal "para evitar um banho de sangue".

O líder dos golpistas havia anunciado na tarde de quarta-feira o fechamento do aeroporto e das fronteiras do país.

Imagens transmitidas nas redes sociais mostravam manifestantes comemorando no centro e nos bairros da capital Bujumbura, confraternizando com os militares rebelados. 

Uma autoridade leal ao presidente disse à AFP que "negociações" estavam em andamento entre legalistas e golpistas para encontrar uma solução que preserve os "interesses nacionais". Ambos os lados estão "de acordo em não derramar o sangue dos habitantes".

Segundo a presidência da Tanzânia, o presidente Nkurunziza deixou no final na tarde a capital econômica Dar es Salaam para retornar a Bujumbura.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu urgentemente que todas as partes mostrem calma e moderação no país, segundo seu porta-voz, Stéphane Dujarric.

"Seguimos avaliando a evolução em terra de uma situação que muda rapidamente", acrescentou o porta-voz, indicando que a ONU acompanha a situação com grande inquietação.

O Conselho de Segurança realizará consultas urgentes nesta quinta-feira, a pedido da França, e os representantes dos 15 países membros assistirão a uma exposição da situação realizada pelo emissário de la ONU no Burundi, Saïd Djinnit, por videoconferência.

A Casa Branca chamou nesta quarta-feira as partes em disputa no Burundi a depor as armas. "Os Estados Unidos seguem com preocupação as notícias procedentes de Buyumbura", disse o porta-voz Josh Earnest.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediu às diferentes partes que "evitem a violência" e a "todos os atores no Burundi que façam todo o possível para garantir o respeito aos direitos humanos". "É mais importante do que nunca que todas as forças políticas respeitem os princípios dos acordos de Arusha", concluídos em 2000 para tirar o país da guerra civil.

O equilíbrio de poder dentro do exército entre legalistas e golpistas continua desconhecido, mas os militares, que têm desempenhado um papel moderador desde o início da crise, desfrutam da simpatia de muitos manifestantes, inversamente à polícia, acusada de estar a serviço do partido no poder e de pactuar com sua liga da juventude "Imbonerakure", descrita pela ONU como uma milícia.

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