Representantes do Irã e de seis poderes mundiais – os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia), mais a Alemanha – encerraram hoje (15), em Viena, na Áustria, mais uma semana de negociações em busca de um acordo sobre as atividades nucleares iranianas.
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O vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, disse após as reuniões que está otimista, mas que “isso não significa que qualquer acordo é aceitável”. “Todas as partes querem um bom acordo. Para o Irã só será um bom acordo se nossos direitos legítimos forem respeitados e as sanções forem encerradas”, declarou ele.
Mesmo com a proximidade da data limite de 30 de junho, definida pelas partes para que um resultado seja alcançado, nenhum avanço significativo foi anunciado. Perguntado sobre o que acontecerá se não houver acordo dentro do prazo, Araqchi disse que “o Irã está preparado para todos os cenários”. As negociações serão retomadas na próxima quarta-feira (20).
O acordo histórico visa a reconfigurar o programa nuclear iraniano para garantir que o país não seja capaz de enriquecer urânio em quantidade suficiente para construir uma bomba atômica em curto prazo. O governo do Irã nega objetivos militares e enfatiza que o enriquecimento de urânio não tem outros fins a não ser a produção de energia nuclear.
Em abril, na cidade suíça de Lausana, os dois lados chegaram a um consenso sobre o que seria um desenho do acordo. O documento não traz, porém, detalhes sobre a capacidade de enriquecimento de urânio que será autorizada ao Irã, nem sobre o escopo de atuação da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês) na fiscalização do programa nuclear iraniano. Ontem (14), o vice-ministro das Relações Exteriores do Irã se encontrou com o chefe da IAEA, Yukiya Amano. A Agência busca maior acesso a informações e a locais suspeitos, como o complexo militar de Parchin, nas proximidades de Teerã, a fim de concluir investigações sobre denúncias de atividades nucleares no país.
Outra questão polêmica é o quão rápido as sanções econômicas impostas ao país nos últimos anos podem ser retiradas. O Irã quer o fim imediato do embargo da União Europeia ao petróleo iraniano e das sanções impostas pelos membros do Conselho de Segurança da ONU. Nações como os Estados Unidos, por exemplo, oferecem a suspensão temporária, já que a eliminação definitiva das sanções depende da aprovação do Parlamento.
A contenda envolvendo o programa nuclear iraniano começou em 2002, quando as potências suspeitaram que o Irã estava enriquecendo urânio em segredo. As atividades foram reveladas no saguão da usina de Natanz, na região central do Irã, e passaram a sofrer rígida inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica.
Em 2009, a crise se aprofundou, quando foi descoberta a construção de uma segunda planta de enriquecimento de urânio, dentro de uma montanha, nas proximidades da cidade de Qom. A descoberta desencadeou uma série de sanções contra o Irã, entre elas o banimento das importações do petróleo iraniano pela União Europeia, o que atingiu fortemente a economia do país. Em novembro de 2013, um acordo temporário foi assinado, congelando as atividades nucleares e as sanções. Em novembro de 2014, o acordo foi renovado com a condição de que as negociações avançassem para um resultado até o dia 30 de junho.
A celebração de um acordo definitivo não só encerraria a polêmica em torno das atividades nucleares iranianas como também abriria caminho para possíveis cooperações do Irã com o Ocidente, nos conflitos contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria.