Terrorismo

Jihadistas do EI conquistam parte norte da cidade síria de Palmira

No sábado passado, o grupo Estado Islâmico conseguiu ocupar a maior parte do norte da cidade, de onde foi expulso no domingo

Da AFP
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Publicado em 20/05/2015 às 13:47
Foto: YOUNIS AL-BAYATI / AFP
No sábado passado, o grupo Estado Islâmico conseguiu ocupar a maior parte do norte da cidade, de onde foi expulso no domingo - FOTO: Foto: YOUNIS AL-BAYATI / AFP
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Jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) assumiram nesta quarta-feira (20) o controle da parte norte da cidade síria de Palmira, uma nova vitória na batalha contra o regime sírio e que provoca preocupação pelos tesouros arqueológicos que ela abriga.

No vizinho Iraque, o exército - com a ajuda de milícias xiitas - se prepara para lançar uma contra-ofensiva para retomar Ramadi, capital da província de Al-Anbar, nas mãos do EI, com Washington procurando acelerar a formação das tribos sunitas para ajudar o governo.

Diante do avanço do grupo sunita na Síria e no Iraque, o governo francês anunciou uma reunião internacional em 2 de junho em Paris para discutir a situação nos dois países.

Após várias horas de violentos combates, os jihadistas "conquistaram a totalidade do norte de Palmira e os soldados do regime fugiram desta área, que representa um terço da cidade", informou à AFP o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), com sede na Grã-Bretanha.

"Eles entraram sem veículos e estão entre as casas", informou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane.

"As pessoas estão com muito medo", afirmou por sua vez um militante no local.

A televisão pública síria informou que o "exército enfrenta os grupos terroristas que se infiltraram na periferia norte de Palmira".

O avanço dos jihadistas, que lançaram em 13 de maio sua ofensiva contra Palmira, no centro do país em guerra, ocorre depois que eles assumiram o controle da sede dos serviços de segurança do estado.

No sábado passado, o grupo Estado Islâmico conseguiu ocupar a maior parte do norte da cidade, de onde foi expulso no domingo.

 

Reforçar as tribos em Ramadi

Contactado pela AFP, o diretor de Antiguidades da Síria, Maamoun Abdelkarim, afirmou que "a situação está muito ruim", evocando os riscos para o sítio arqueológico da cidade, inscrito no patrimônio mundial da Humanidade.

A Unesco alerta desde o início da ofensiva jihadista contra Palmira sobre os riscos para o tesouro arqueológico da cidade.

A cidade antiga de mais de 2.000 anos é estratégica por estar situada no deserto sírio, a caminho da província limítrofe iraquiana de Al-Anbar, em grande parte controlada por este grupo extremista.

Justamente na capital da província de Al-Anbar, Ramadi, os jihadistas do EI tomaram o controle no domingo do quartel-general das forças de segurança da província, reforçando ainda mais seu poder nesta localidade, um grande revés ao poder iraquiano e aos Estados Unidos, aliados na luta antijihadistas.

Mas são as milícias xiitas apoiadas pelo Irã que devem tomar à frente da contra-ofensiva para retomar Ramadi, após o apelo lançado pelo governo de maioria xiita de Haidar Al-Abadi.

Os Estados Unidos anunciaram sua intenção de acelerar a formação das tribos sunitas para que ajudem a retomar a capital da maior província do Iraque, de onde 40.000 pessoas fugiram nos últimos dias.

"Estamos avaliando como dar um melhor apoio às forças locais (na província de) Anbar, incluindo uma aceleração do treinamento e equipamento das tribos locais e o apoio a uma operação liderada pelo Iraque para recuperar Ramadi", disse à AFP o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional (NSC), Alistair Baskey.

 

Irã oferece ajuda

A tomada de Ramadi é a vitória mais significativa dos extremistas do EI, que conquistaram vastas regiões no Iraque graças à ofensiva lançada em junho de 2014, que resultou em uma campanha aérea internacional liderada pelos Estados Unidos para ajudar o exército a recuperar terreno.

Washington também enviou armas e milhares de conselheiros militares para treinar os soldados iraquianos e combatentes tribais sunitas.

Os conselheiros americanos estão particularmente presentes na base de Al-Assad, em Al-Anbar, perto da qual a coalizão conduziu ataques contra o EI nas últimas 24 horas.

O ministro da Defesa iraniano, Hossein Dehgan, em visita a Bagdá, disse que "apoiar o Iraque nas crises de segurança faz parte da política do Irã".

Os Estados Unidos admitiram que a queda de Ramadi, localizada a cem quilômetros de Bagdá, representava um revés e que as milícias xiitas, algumas das quais têm o apoio do Irã, terão a partir de agora um papel desde que estejam sob o controle do governo iraquiano.

As milícias xiitas foram, até este momento, excluídas de Al-Anbar, para evitar possíveis problemas com a população sunita, majoritária na província.

A conquista total de Al-Anbar permite ao EI, que conta com milhares de homens no Iraque e na Síria, reforçar sua influência.

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