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Alerta contra o jihadismo preocupa diversas nações, inclusive o Brasil

O número crescente de soldados convertidos ao grupo radical Estado Islâmico

Taíza Brito
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Taíza Brito
Publicado em 30/05/2015 às 18:00
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O número crescente de soldados convertidos ao grupo radical Estado Islâmico - FOTO: Foto: AFP
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 Dezembro de 2014, Bulgária: Um brasileiro de 18 anos é preso a caminho da Síria, onde pretendia se unir ao exército jihadista do Estado Islâmico (EI). Março de 2015, Brasília: A presidente Dilma Rousseff recebe informes da Polícia Federal alertando sobre a possibilidade de atentados terroristas durante os Jogos Olímpicos do próximo ano, no Rio de Janeiro. Abril de 2015, Catalunha: A polícia desbarata a célula da qual fazia parte o brasileiro detido na Bulgária e prende 11 pessoas em Barcelona, onde pretendiam promover um ataque em nome da Jihad.

Notícias como as relatadas acima comumente não chamam a atenção no Brasil, visto que o terrorismo parece algo bem distante. Contudo, tais episódios podem ser interpretados como um sinal de alerta ao governo brasileiro, que se prepara para receber delegações de atletas do mundo inteiro durante as Olimpíadas de 2016, no Rio.

“Qualquer lugar do mundo pode ser alvo de atentados terroristas jihadistas, inclusive países de maioria mulçumana. No Brasil, diante de um evento como os Jogos Olímpicos, é evidente que o nível de prevenção deve ser ativado de maneira especial”, destaca Albert Batlle, diretor geral dos Mossos d’Esquadra, a polícia da Catalunha responsável pelo desmantelamento da célula jihadista integrada pelo brasileiro.

Segundo Batlle, o jihadismo é um fenômeno universal, por isso deve ser tratado de maneira global. E os seguidores do Estado Islâmico têm espalhado o terror em vários países, num modo de agir que se reconfigura a cada evento, o que os tornam potencialmente mais perigosos. “Seus integrantes podem agir em qualquer entorno. Não seguem uma lógica determinada, nem uma hierarquia, como outros grupos terroristas", complementa, ao dizer que isso está exigindo a adoção de novas táticas por parte das polícias, especialmente dos serviços de inteligência. 

O crescimento do número de soldados jihadistas convertidos é um dos pontos de atenção destacados por Batlle. O brasileiro Kaike Guimarães, que vivia em Terrassa, nos arredores de Barcelona, se enquadra neste perfil. Imigrante, jovem e sem vinculação anterior ou familiar com a religião mulçumana. “Os jihadistas já não estão atraindo apenas os coletivos mais tradicionais, como os imigrantes de segunda e terceira geração com raízes em países islâmicos, mas gente sem nenhuma ligação familiar ou religiosa com o islamismo”, ressalta.

Para o especialista em terrorismo jihadista da Universidade Pablo de Olavide, de Sevilha, Manuel Torres, estas pessoas “não se convertem ao Islã, e sim diretamente ao jihadismo”. Ou seja, não buscam respostas espirituais. São atraídos pelo discurso da vitimização e se transformam em radicais defensores de uma “comunidade indefesa” diante dos “infiéis”. 

Tal argumento é rapidamente assimilado por estes jovens, por comumente terem dificuldade de integração social e de inserção laboral. Ao somarem-se aos exércitos jihadistas na Síria ou Iraque e serem treinados, transformam-se em pessoas dispostas a cometer atrocidades em nome do Islã. Em qualquer parte do mundo.

Em toda Europa estão sendo detectadas cooptações de jovens com estas características. Segundo dados de informe publicado em abril passado pelas Nações Unidas, mais de 25 mil pessoas de 100 nacionalidades diferentes integram atualmente os exércitos do EI e também da Al-Qaeda, na Síria e Iraque. Para a CIA, este número já ultrapassaria os 30 mil. Na Europa, os países com maior registro de cooptação são Bélgica, Dinamarca, Suécia, França, Áustria, Holanda, Noruega, Reino Unido e Espanha.

Ao integrarem as fileiras jihadistas alguns deles são treinados para cometerem atentados de forma isolada, por isso são chamados de “lobos solitários”. Este tipo de “soldado” pode facilmente passar despercebido pelos serviços de fronteiras, como os do Brasil, por não terem antecedentes criminais nem estarem listados como terroristas em organismos internacionais.

“O fenômeno jihadista está presente nas agendas dos governos e no conjunto da sociedade”, assevera Batlle. “Por isso, as unidades de informação dos corpos policiais precisam trabalhar rigorosamente, incrementar a cooperação e detectar os fenômenos de radicalização que podem levar a atentados”, recomenda.

 

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