O ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamad Javad Zarif, voltou nesta terça-feira para Viena, onde se reúne com seu colega americano John Kerry para buscar um acordo nas negociações sobre o programa nuclear de Teerã.
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"As conversações atingiram um ponto espinhoso. O único acordo que a nação iraniana aceitará é um acordo justo, equilibrado e que respeite a grandeza nacional e os direitos do povo iraniano", afirmou Zarif ao chegar à capital austríaca.
Os representantes das potências ocidentais não quiseram interpretar o significado da volta de Zarif a Teerã no domingo à noite, depois de um fim de semana de encontros diplomáticos em Viena. Mas ninguém duvida que ele foi consultar as autoridades iranianas e, principalmente, o guia supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
As negociações com o Irã foram prorrogadas além do prazo inicialmente fixado para este 30 de junho e entraram no domingo em uma fase considerada crítica. O ministro das Relações Exteriores britânico, Philip Hammond, foi mais direto e, ao chegar em Viena no domingo, insistiu que é "melhor um 'não' a um acordo que um acordo ruim".
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, alertou que a hora das decisões "políticas" chegou para estas desgastantes negociações iniciadas há 20 meses entre Teerã e as potências do P5+1 (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Rússia, China, França e Alemanha).
"É uma questão de vontade política. Caso todas as partes demonstrem vontade política, conseguiremos", declarou Mogherini ao chegar a Viena. O objetivo da negociação é chegar a um acordo histórico que limite o programa nuclear iraniano e impeça que a República Islâmica se dote de arma nucleares.
Inicialmente, esse objetivo deveria ser alcançado nesta terça-feira, data-limite para as partes sobre a base do acordo-quadro alcançado em Lausanne em 2 de abril. Mas, apesar deste projeto de acordo e como longas negociações, as posições ainda parecem distantes em vários pontos cruciais.
O próprio John Kerry, reconheceu a repórteres que, embora continue "esperançoso", ainda há "um monte de trabalho duro pela frente". Espera-se que um acordo acabe com o impasse que prevalece desde 2002 e ameaçou tornar-se uma guerra e envenenou as relações entre a República Islâmica e o mundo exterior.
Mas qualquer acordo terá que se submeter a um intenso escrutínio dos setores "duros" no Irã e nos Estados Unidos, bem como os rivais regionais do país persa, como Israel e Arábia Saudita.
Segundo o acordo preliminar Lausanne, o Irã reduziu em mais de dois terços o número de centrífugas para enriquecer urânio, que pode produzir combustível para centrais nucleares ou armas nucleares de base e reduzir as suas reservas de urânio por 98%.
O Irã também concordou em mudar o projeto de um reator em Arak planta para que ela não possa produzir plutônio para armas nem usar a usina de Fordo - construída sob uma montanha para protegê-la de qualquer ataque - para enriquecer urânio.
Em troca, busca a retirada imediata das sanções da UE, Estados Unidos e Nações Unidas que têm sobrecarregado a economia e limitado o acesso aos mercados mundiais de petróleo.