Um número recorde de migrantes atravessou na segunda-feira (24) a fronteira da Sérvia com a Hungria, país membro da União Europeia (UE), dois dias antes de uma reunião, em Viena, sobre os Bálcãs, uma das principais portas de entrada para a Europa ocidental.
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Um total de 2.093 pessoas atravessaram a fronteira, um recorde para apenas 24 horas, o que aconteceu poucos dias antes do fim da construção de uma barreira que, segundo o governo húngaro, evitará a entrada de migrantes.
O grupo é parte dos quase 7.000 migrantes que se viram bloqueados na Grécia na semana passada, quando a Macedônia declarou estado de emergência e fechou as fronteiras, na crise de refugiados mais grave na Europa desde II Guerra Mundial.
No decorrer do ano, a Hungria registrou 100.000 pedidos de asilo, mais que o dobro do total em 2014, e muito superior aos 2.000 de 2012.
Os migrantes entraram na Hungria por vias férreas próximas de Roszke, em um dos poucos trechos da fronteira com a Sérvia que ainda não conta com a barreira de arame farpado. De acordo com Budapeste, o 'muro' será finalizado em 31 de agosto.
A barreira na fronteira é uma das muitas e duras medidas anti-imigração adotadas pelo governo de Viktor Orban, que incluem leis de asilo mais rigorosas, multas por atravessar a fronteira de maneira ilegal ou o fechamento de acampamentos permanentes de refugiados.
Várias pessoas relataram à AFP na fronteira húngara que viajaram pela Sérvia depois que atravessaram a fronteira da Grécia com a Macedônia.
"Ficamos parados na Macedônia por dois dias, os confrontos eram horríveis, a polícia usou pistolas e gás lacrimogêneo. Eu vi quando agrediram uma idosa e tiraram seus documentos e dinheiro", contou um engenheiro iraquiano de 29 anos, que fugiu do grupo Estado Islâmico em seu país e não quis revelar seu nome.
Esgotados e traumatizados
Do outro lado da fronteira, em Subotica, norte da Sérvia, mais de 20 ônibus lotados de refugiados chegaram durante a madrugada. Depois os emigrantes prosseguiram a viagem a pé até a Hungria.
Os refugiados atravessam a fronteira sem oposição, já que os policiais não impedem a passagem.
No sul, na fronteira entre Grécia e Macedônia, mais de 600 migrantes aguardavam uma oportunidade para tentar entrar no território macedônio e, através da rota dos Bálcãs, chegar à Europa ocidental.
A Bulgária enviou blindados aos quatro postos de fronteira com a Macedônia para a apoiar a polícia caso o país receba um grande fluxo de imigrantes, anunciou nesta terça-feira o ministério da Defesa.
Vinte e cinco militares e veículos blindados foram enviados aos postos fronteiriços entre a Bulgária e a Macedônia, mas "o número pode aumentar caso a situação se agrave", avisou uma fonte do ministério.
No momento, o fluxo de migrantes que passam da Grécia à Macedônia tem evitado a Bulgária.
Ao mesmo tempo, em Genebra a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Melissa Fleming, afirmou que é possível esperar que o fluxo de migrantes prossiga a um ritmo de 3.000 pessoas dia na região.
Fleming expressou a preocupação da agência da ONU com as "condições das pessoas que fazem as viagens, muitas delas procedentes países afetados pela violência e os conflitos, como Síria e Afeganistão".
"Geralmente estão esgotados, traumatizados e precisam de ajuda humanitária e de saúde", disse.
O Acnur também advertiu que a situação está piorando no Mediterrâneo, especialmente nas costas da Itália e Grécia. Mais de 104.000 migrantes da África, Oriente Médio e sul da Ásia desembarcaram em portos do sul da Itália, e dezenas de milhares na Grécia, especialmente em suas ilhas.
Mais de 2.300 refugiados morreram afogados este ano quando tentavam chegar pelo mar ao continente europeu.