Fortalecido com a vitória eleitoral inquestionável no domingo (20), Alexis Tsipras começa a trabalhar nesta segunda-feira (21) na formação de um governo encarregado de aplicar as reformas econômicas exigidas pelos credores em troca de mais financiamento.
Leia Também
Tsipras, líder do Syriza, vai participar nesta segunda-feira (21) em uma reunião com o chefe do partido de direita Gregos Independentes, Panos Kammenos, com quem repetirá a coalizão formada em janeiro, quando venceu pela primeira vez.
Juntos, terão uma maioria de 155 deputados no Parlamento, em um total de 300.
Tsipras assumirá o cargo ante o presidente da República na noite desta segunda-feira (21), e deverá ter seu governo formado já na terça-feira (22).
"Esperamos poder avançar com o novo governo assim que constituído. Há muito trabalho pendente e não há tempo a perder", afirmou Margaritis Schinas, porta-voz da Comissão Europeia.
Tsipras se impôs com uma vitória esmagadora nas eleições de domingo (20) e ganhou sua aposta de convocar novas eleições para recuperar impulso político depois de concluir o terceiro plano de resgate do país.
Tsipras se comprometeu a cumprir as condições do novo resgate, de aproximadamente 86 bilhões de euros e previsto para três anos.
Ele prometeu, no entanto, que sua aplicação buscará proteger os mais vulneráveis e que lutará pela redução da dívida pública pública do país, que com o novo plano chegará a 200% do PIB.
Com cerca de 90% dos votos apurados, o partido de esquerda Syriza, liderado pelo ex-primeiro-ministro, teve 35,53% dos votos, com vantagem de mais de sete pontos sobre seu grande rival Nova Democracia, de Evangelos Meimarakis, que teve 28,05% dos votos e reconheceu sua derrota e parabenizou Tsipras.
"Diante de nós se abre o caminho do trabalho e das lutas", escreveu no Twitter o líder de esquerda, que quer ter uma margem de manobra na aplicação do novo plano de resgate.
Em seu breve discurso, Tsipras aplaudiu uma "vitória do povo", e a interpretou como um mandato "cristalino" para governar quatro anos, depois de um 2015 agitado, com o risco de saída da zona do euro.
"Continuaremos essa luta durante quatro anos, porque recebemos um mandato para quatro anos", ressaltou Tsipras.
Segundo dados do ministério do Interior, o Syriza soma, até o momento, 35,53% dos votos, com 145 cadeiras do parlamento, a seis da maioria absoluta. O Nova Democracia, liderado por Evangelos Meimarakis, somou 28,05% dos votos, com 75 cadeiras.
A lei eleitoral grega dá um bônus de 50 deputados ao partido mais votado.
Meimarakis reconheceu sua derrota para a imprensa e felicitou a Tsipras por sua vitória. "Parece que nesses seis meses os cidadãos não mudaram de opinião", declarou.
Na falta de maioria absoluta, Tsipras deverá voltar a formar uma coalizão para continuar governando. Os candidatos são o Pasok socialista, os centristas do To Potami, e a direita dos Gregos Independentes.
A terceira força política continuará sendo a neonazista de Amanhecer Dourado, com 6,96% dos votos e 18 cadeiras. Atrás aparecem o Pasok socialista, com 6,40% dos votos (17 deputados) e os centristas di To Potami (4%, 11 deputados).
O novo Parlamento teria, então, oito partidos, um a mais do que a formação anterior, com a entrada da União de Centristas.
A vitória de Tsipras era muito esperada pela esquerda, oposta às políticas de austeridade, em outros países da zona do euro, como Espanha, Portugal e Irlanda, que celebrarão eleições nos próximos meses.
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, também felicitou neste domingo (20) Alexis Tsipras, e pediu um governo "sólido", assim como o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.
Tsipras chegou ao poder em 25 de janeiro com a promessa de acabar com as políticas de austeridade aplicadas na Grécia desde 2010.
Após a vitória esmagadora do "não" às condições impostas pelos credores no referendo de 5 de julho, Tsipras terminou por aceitar o resgate no dia 13 de julho em Bruxelas.
Ao submeter esse acordo ao parlamento, Tsipras perdeu a maioria na câmara, enfrentado um racha de muitos deputados de seu próprio partido, contrários ao resgate e às condições impostas.
Para recuperar impulso, Tsipras decidiu renunciar em 20 de agosto e forçar novas eleições antecipadas para este domingo.
Com esse resultado, o líder do Syriza deve enfim se livrar da dissidência interna que, após se opor ao novo resgate, formou um partido que defende a saída da Grécia da zona do euro, o Unidade Popular.